sábado, 15 de janeiro de 2011

a inconstância da alma selvagem

Viveiro de Castro que me desculpe mas pra mim isso é assim.

Tem coisa que agente quer que todo mundo diz que não é pra querer. Tem um jeito de viver que todo mundo diz que não é o certo.

Todo mundo é quem?

É quando junta um monte de gente pra cagar regra na vida dos outros. É escola, é estado, é instituição, é a multidão esnobe de nariz em pé.

E o que tem eu, nascido no Brasil, com o que um bando de pederasta grego (sem homofobia galera) escreveu há alguns milênios lançando as bases pra essa civilização judaico cristão ocidental que se espalha, como um tsunami de tristeza e frustração pelo mundo?

Tô curtindo outra perspectiva. Aquela de que o passado e o futuro só existem no presente. De que eu sou meio bicho também e que a racionalidade que opera o mundo não faz tanto sentido assim...

Eu quero mais é ser índio mesmo, bárbaro, herege peladão. Quero ver a lua mudar no céu, em vez de assistir o mesmo filme repetido cinco dias por semana oito horas por dia quatro semanas no mês.

E hoje que a lua começa a crescer eu vou é pra rua, uivar pra ela. Nem que seja sozinho, pra ninguém me carregar pra casa. Nem que seja acompanhado, com alguém pra levar pra casa. De qualquer jeito, nunca de jeito manera!

Planos? Tô fuera. Como diriam os cristãos, por hoje não. só hoje vai... curtir uma inconstância. uma pausa na ária ocidental. um bug no sistema, um neo na matrix, uma pedrinha na engrenagem... não quero impedir nada de funcionar... Só quero funcionar do jeito que eu quiser!

pra mim essa capa sempre lembra um rabo de gato!

iririu do forró!

Desenhos do meu caderno II


Baião da Garoa!

Baião da Garoa

vídeo :: Seu Luíz Gonzaga :: vídeo

"Na terra seca quando a safra não é boa...
Sabiá não entoa!
Não dá milho e feijão!
Na Paraíba, Ceará nas Alagoas...
Retirantes que passam vão cantando seu rojão!

Tra, lá, lá, lá, lá, lá, lá - (Bis)
Meu São Pedro me ajude
Mande chuva, chuva boa
Chuvisquinho, chuvisqueiro
Nem que seja uma garoa

Uma vez choveu na terra seca
Sabiá então cantou
Houve lá tanta da fartura
Que o retirante voltou
Tava lá eu na pisada (2x)
Tum, tum, tum

Oi! Graças a Deus
Choveu garoou

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

arrumou a maior confusão e sumiu no mundo

 Aí ele pegou o ônibus né, e foi embora. Falou que ia subir pro norte, são mateus, conceição da barra. Tem tempo que não o vejo.

Fiquei com saudade, há muito que eu queria ver ele denovo. rezo a deus todo dia pra que isso aconteça.

o que eu ouvi dizer foi assim

no ônibus mesmo ele conheceu a tal moça lá. que levou ele. É eu digo que levou, pq levou mesmo tá. Eu sei que o caminho dele quem escolheu foi ele mesmo, mas pra mim quem levou ele lá foi ela. é ela que eu culpo.

mas então, de lá da rodoviária mesmo, quando desceu e ligou pra casa, só o que agente sabe é de ouvir dizer.

ele foi pra casa dela. casa grande, tinha pai mãe, irmão tudo do bom e do melhor a dita cuja lá. Casarão no interior, fazenda, pasto e café. e um monte de confusão. eu nunca vi nem foto dela, mas bonita devia de ser mesmo. pra ter virado a cabeça dele desse jeito...

eu sei que ele chegou e foi logo trabalhar. chegou com ela, ela ajudou, botou na fazenda do pai. era um menino sabido, esperto, inteligente. sabia se virar. e foi parar lá naquele fim de mundo, trabalhando de peão, vê se pode... mas foi, foi trabalhar de peão. cuidar de gado, do café, enfim, serviço de peão né... mas sabia que não ia durar.

primeiro, porque o menino era esperto mesmo. qualquer patrão sabia que tava perdendo dinheiro deixando alguém daquele jeito pra fazer serviço pesado, tendo um montão de coisa de negócio, das terras, da fazenda pra cuidar...

sabido ele era, sempre foi muito! desde pequenininho...

segundo porque já tava enrolado lá com a moça né. filha do patrão, que botou ele nesse esquema aí de peão. essa é uma das partes que eu não entendi direito. porque botou ele logo de peão né? podia ter visto uma colocação melhor pra ele, mas não, foi de peão mesmo.

às vezes eu penso assim, vai ver foi ele mesmo que pediu. sempre foi dessas besteiras de humildade orgulhosa. vai entender... mas continuo achando que essa aí é que foi a perdição dele.

eu lembro quando ele ligou, lá da rodoviária. "ei tia olha só..." aí contou né, conheceu a menina, ia com ela pra casa dela lá, que ia trabalhar. era o plano dele desde o começo, saiu sem falar nada pra ninguém ó. falou que era férias, que ia pra itaúnas, pra cima lá. acreditei, sempre foi disso, de viajar e sumir...

dei a benção e falei comigo mesma "já já ele enjoa e volta". nunca teve nada assim que durasse muito com ninguém por aqui. não ia ser naquele fim de mundo, com uma moça que ele acabou de conhecer, eu pensei. acho até que tava certa, errei só de achar que ele voltava. voltou não.

arrumou a maior confusão e sumiu no mundo.

surf!!

 Minhas mãos ainda estão molhadas

barrão, vila velha

do azul das ondas entreabertas,

califa, praia grande.

e a cor que escorre de meus dedos


regência, boca do rio


 colore as areias desertas.

califa, praia grande.




Palavras de Cecília Meireles.
rs

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

poesias de quando era mais novo!

"Quando o sol morre no céu
pintando as nuvens de vermelho
não se procura nenhum réu
culpado do crime derradeiro

A verdade é que ninguém liga
pra sua morte de cada dia
porque não se pode acreditar
que ele realmente perdeu a vida

Mas o besta não sabe nem fingir
no outro dia, tá ele a levantar
como ele espera alguém chorar
pela cena que repete todo dia?"


"Do sol da manhã
ao sol do meio dia:
Algumas horas que passam,
menos tempo de vida.
Relógio que não quebra
Segundos que nunca param:
O tempo é a flecha certeira
que nunca erra o alvo."


"Um olhar e um sorriso
um beijo e uma conquista...
um presente e um medo
um motivo e uma briga:
vários finais..."

"Perdi a hora
pra me sentir atrasado
Espero a demora
do tempo despreocupado
E choro algumas lágrimas
pelo leite derramado."

Escritos de Agenda I

8 de maio de 2006 - segunda feira
IC-II - 19:00hs

"Conversei com XXX da DS. Parece que ele vai sair do PT. E diz que XXXX também tá em crise. E olha que eles nem sabem da aliança tórrida com o infeliz. Onde os capas estão com a cabeça?
Passei no shopping pra tirar a2ª via do CPF, na casa do cidadão para dar entrada na carteira de trabalho.
Estou sem velox, e para arranjar o emprego na guarda. Estou chateado o com o partido e com a vida que levo. Preciso me achar e resolver logo minha situação política. Preciso de outras metas. Estou na aula de Antropologia, não tem a segunda aula, e tem jogo hoje. E quero ficar com Paola também. O jogo é as 8 e ela só sai as 8:30."

9 de maio de 2006 - terça feira

"Hoje eu não fiz quase nada. Enquanto saía pra tirara a segunda via do meu título, descobri que minha k1000 tinha chegado. Resultado: subi e fui futucar meu brinquedo novo. Fui ao centro comprar o case, a bateria e um 36 poses. Minha grana foi embora. Preciso urgentemente vender a MG que, ao compará-la hoje parecia tão fofinha, pequenininha e compacta... Enfim. Marciel me ligae pede pra manter a atividade do reconquistar, e Vinícius em crise com essa história das alianças e eu tenho que por meus documentos em dia, fazer os exames e tal..."

10 de maio de 2006 - quarta feira
Receita Federal - 13:15hs

"Tô na fila pra acertar o lance do CPF na receita. Eu devia ter visto isso ontem, Saí de casa as dez, estou sem almoçar, tirei meu título mas nada lá no exército. Quero ver como é que vai ficar isso. Agora são 13:15 Hoje ainda tem CEB e ontem eu briguei com Paola pelo tel. Ô diazinho que mal começou..."

16 de maio de 2006 - terça feira

"Final de semana chato, plenária chata ontem, e eu e Paola continuamos brigando. Hoje eu fiz os exames, devem ficar prontos segunda. Quase desmaiei. Aula de Pensamento Político Clássico, Hobbes. Nos submetemos por que queremos?"

17 de maio de 2006 - quarta feira

"Dia confuso, estou no finalzinho e mal me lembro de tudo ue fiz durante o dia. Tirei umas duas fotos que acho que vão ficar boas, e vi Paola um pouquinho. De resto, nada que valha a lembrança. Dor de cabeça."

20 de junho de 2006 - terça feira

"Enfim 2.1. Mudou alguma coisa? Ganhei ou perdi um ano?
"o tempo vai passando e eu continuo andando..."
Zé Maria

ps: o "z" é uma letra tão agressiva...

21 de junho de 2006 - quarta feira

Dia de cão. Aula de Pensamento Político Clássico. E o medo de tomar pau? Milhões de páginas de Toqueville para a prova. E minha cabeça doendo horrores. Deve ter ônibus para o ENECS. E eu sem grana, sem tempo e sem disposição... Ê vida... Pelo menos saí animado da reunião no CBM. Mas a atitude dos ex-autonomistas me deixa meio preocupado. Enfim...
"e tudo se fez caos
fiquei perdido em meio ao nada
abri os olhos
e acordei."

Congo em Regência!

os atores da festa


vão chegando devagar


entrando na capela


pro são benedito louvar


 cenário de devoção


 de fé, batuque e reflexão


de um frenesi justificado


pelo povo junto na confraternização


 as velhinhas tão bonitas


 e as novinhas aprumadas


 os coroas batucando


os novinhos em roupa de festa


 e lá no alto o estandarte


 e lá atrás os originais 


 patronos da cultura capixaba


esquentando a tamborzada


preparando a procissão


 e aquela velha praça


tantas vezes visitada


é o cenário derradeiro de mais uma festa realizada
na vila que eu gosto muito
a regência capixaba!

(ah) Aqui em Casa!

"Quando você chegar, não precisa interfonar. Mete a mão na maçaneta e pode entrar... Você já sabe onde fica tudo aqui em casa: fique à vontade, sem cerimônia!"
video :: Mariana Aydar :: video
"Tu já é de casa!
Te conheço há tanto tempo - sei de tudo leio até teus pensamentos
Das novidades, te conto amanhã bem cedo
Pois entre a gente nunca houve segredos...
Na geladeira tem salada
O incensário tá no armário
Aquele verdinho que você gostou
Deixa queimar
Não precisa me esperar pra nada
Você é a visita que eu gosto de ter em casa
Você é a visita que eu gosto de ter em casa
Só não vá confundir
Todo esse amor
Se eu te dou carinho é só
Pra ser bom
Nunca passou de amizade
Não vá confundir, então
o coração
Nunca passou de amizade
Quando você chegar
Não precisa interfonar
Mete a mão na maçaneta e pode entrar
Você já sabe onde fica tudo aqui em casa
Fique à vontade, sem cerimônia
Tu já é de casa, te conheço há tanto tempo
Sei de tudo, leio até teus pensamentos
Das novidades, te conto amanhã bem cedo
Pois entre a gente nunca houve segredos
Na geladeira tem salada
O incensário tá no armário
Aquele verdinho que você gostou
Deixa queimar
Não precisa me esperar pra nada
Você é a visita que eu gosto de ter em casa
Você é a visita que eu gosto de ter em casa
Só não vá confundir
Todo esse amor
Se eu te dou carinho é só
Pra ser bom
Nunca passou de amizade
Não vá confundir, então
o coração, não
Nunca passou de amizade
Nunca passou de amizade!"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Siderurgia, favorecimentos e a velha tradição capixaba de vender a alma...

eu tentei evitar, mas é difícil... recebi por email esse texto aqui que TODO CAPIXABA DEVIA LER!


No Brasil de hoje, o marketing é peça essencial não apenas da política, mas das mais simples iniciativas como fazer uma raspagenzinha no asfalto e um recapeamento mixuruca: colocam-se imensas placas nos pontos mais visíveis e dá-se o nome à bobagem rotineira de “Operação Asfalto Liso”.

Agora, é a vez da Companhia Siderúrgica do Atlâtnica - CSA, do grupo alemão ThyssenKrup, em sociedade com a Vale.  "A maior siderúrgica da América Latina" produz meras "palanquilhas", uns tarugos de aço de baixo valor agregado mas elevado consumo energético que, depois, são enviados para laminação nos EUA.
Desde que iniciou as suas operações, há cerca de 6 meses, a CSA inferniza a vida dos moradores da região com nuvens de pó preto que ela afirma ser "apenas grafite", que não seria "tóxico".  O cinismo certamente tem compensado.  A CSA e dois de seus dirigentes já foram processados criminnalmente pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janerio, e todos esperam que novos processos sejam ajuizados.
Diante das pressões da imprensa, a CSA saiu-se om um slogan: “Grafite Zero”.  "Grafite" é o catzo!  Mentirosos!  Não importa se grafite ou não, para os técnicos em poluição o nome genérico daquela imensa porcaria toda é material particulado.  “Tóxico” ou não, o particulado causa problemas de saúde, em particular bronco-pulmonares, com as inevitáveis consequências cardiológicas.
A farsa - coisa de moleques - evidencia-se quando as crianças brincam com o "grafite" usando imãs.
Além disso, particulados entram pelos computadores, televisões e outros aparelhos eletrônicos, diminuindo a vida útil e causando defeitos.

Já é tempo da população local tomar vergonha na cara se organizar em lugar de deixar ao poder público e à empresa a decisão sobre o que fazer, como ocorre nos países sérios.

Dar um trocado para uma clínica de tratamento de diabetes ou qualquer outro atendimento médico  como “compensação” é uma forma de tentar comprar corações e mentes com paliativos: a indústria causa as doenças mas apóia o tratamento médico.

O importante – e a única coisa realmente importante - é parar totalmente com a emissão de particulados e isso só será feito no dia em que for feito o controle total do “poço de emergência” que há meses vem sendo usado regularmente como se tudo fosse uma constante emergência.

A persistência da empresa naquilo que em inglês denomina-se “denial” (denegação, na tradução psicanalítica brasileira, ou recusa de ver algo que é evidente) é uma patologia psiquiátrica e  uma fonte da continuidade das infrações.
Não importam as baboseiras sobre as médias e asa máximas de particulados no ar, já que as normas brasileiras de qualidade ambiental e de controle de poluição são mais do que antiquadas, são largamente obsoletas.
De toda forma, uma empresa alemã - ThyssenKrupp - tem que cumprir, aqui, as normas de lá, e isso inclui não causar os imensos incômodos que a CSA está causando, há meses, à população da região.

Um excelente exemplo desse tipo persistente de descaso desavergonhado é o porto de Tubarão.  Na década de 90, começaram a ser examinadas alternativas para conter as nuvens de pó de carvão e de minério que se espalham continuamente sobre a cidade, proveniente do arraste eólico sobre as imensas pilhas desses materiais nos pátios do complexo portuário.
Os imóveis estavam (estão?)sempre imundos, o dano era visível o tempo todo, e os médicos falavam com freqüência nos altos índices de doenças respiratórias.

Uma das soluções consideradas foi a colocação de telas quebra-ventos (wind fences), já então  bastante usadas em outro lugares do mundo com as mais diversas finalidades, desde evitar que trens de alta velocidade descarrilassem na saída de tuneis em regiões de fortes ventos até o controle do arraste eólico de pó em áreas portuárias.

Se bem dimensionadas as cercas quebra-ventos reduzem o arraste de poeira em 90%.  Mas os “investidores” queriam lucros e não havia interesse dos gerentes locais em tentar convencê-los.  Além do que, o argumento era o mesmo de sempre: não há normas brasileiras sobre esse tipo de controle.  Ora, bolas, o que importa se existem normas ou não quando uma cidade inteira está sendo visivelmente prejudicada?

A primeira reação da canalha local foi a disseminação boca a boca de que aquela solução não existia e de que a única explicação possível seria a de que o então secretário de estado de então – o autor deste blog – representava os interesses de algum fabricante.  A Companhia Siderúrgica de Tubarão, a Vale (então do Rio Doce) e a administração do Complexo Portuário de Tubarão recusaram-se a sequer considerar o assunto.

Mas brasileiro odeia inovação - ainda que goste de novidade - e por essa razão é que Tom Jobim dizia que para fazer sucesso aqui era necessário primeiro fazer sucesso “lá fora”.
Enfim, a proposta foi abandonada.  Tempos depois, alguém deve ter arranjado uma forma de ganhar dinheiro com ela, colocando cercas quebra-ventos – ainda que de altura questionável para o tipo de ventos e para a altura das pilhas de carvão e de minério.  Hoje anunciam, com orgulho, que estão fazendo o que deveriam ter feito há décadas.
Esse é o Brasil do futuro na área do controle da poluição, entre outros.

A notícia foi divulgada como um grande avanço em 2008 e pode ser lida em
http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2008/08/cercas-de-20-metros-de-altura-em-volta-de-pilhas-de-minerio-reduzirao-poeira.html
No ano seguinte, a Vale anunciou o seu grande atraso tecnológico no controle da poluição como inovação, como se pode ver em

http://www.vale.com.br/saladeimprensa/pt/releases/release.asp?id=19150
A Vale é sócia da ThyssenKrupp na Compannhia Siderúrgica do Atlântico.
Não há informações sobre o dimensionamento apropriado das cercas quebra-ventos ou dos resultados do monitoramento, como seria de se esperar, mas já é um reconhecimento de que a engenharia existe para resolver problemas, e não para cumprir normas antiquadas.
Da mesma forma, a proposta de colocar câmeras - incluisve infra-vermelhas para assegurar a visibilidade noturna - nas áreas problemáticas da CSA merece ser levada adiante - afinal, qualquer condomínio ou shopping as tem - e não apenas para controle do INEA, mas para o acesso de toda a população e da imprensa.

Por Luiz Prado