sábado, 11 de junho de 2011

Denovo.

Outro dia tava assistindo National Gographic e mostrou um templo da deusa Kali, na India.

Um dos poucos a ainda aceitar o sacrifícios de animais. O sangue lava as estátuas, conferindo aquele tom de vermelho viscoso, profundo, que é tão terrivelmente familiar pra todo mundo. A pedra brilha vermelha de sangue.

Os sacrifícios são para celebrar o fim do ciclo, que Kali representa. O término, o ocaso, a destruição. Kali é tudo isso, e por isso merece em sua honra sacrifícios. Porque ela é maior que qualquer morte. Ela é todas as mortes.

Hoje de madrugada duas meninas foram atropeladas na UFES. Já perdi um amigo no mesmo local. Várias outras pessoas já foram atropeladas, e mortas, ali.

De vez em quando por aqui, agente também lava de sangue nossos deuses. Ficam aí duas jovens vidas oferecidas em sacrifício ao nosso Grande Deus Asfalto!

Só pra nos lembrar do que realmente é importante na ária ocidental.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ele também foi preso galera!

Como todos devem saber, na quinta-feira (2 de junho) eu fui detido pelo BME durante uma manifestação pacífica contra o aumento da tarifa e contra a violência policial (1) por volta das 19:30 na Av. Cesar Hilal em Vitória. 

Assim como nos outros casos de prisão, a ação da polícia foi extremamente truculenta e injustificável. Ao todo foram 27 presos, sendo em sua maioria estudantes. Havia também um jornalista, um servidor público da UFES, um vendedor de pastel, um trabalhador da Empreitera Odebrecht e um adolescente trabalhador. 

O que ocorreu foi mais do que lamentável, foi repugnante: a repressão e os ataques da polícia foram uma afronta à vida dos cidadãos e contra o direito constitucional de se manifestar.(2) 

Tais ações não dizem respeito apenas às práticas facistas dos policiais mas também à uma política de segurança pública desse governo. Vide o caso da Barra do Riacho em Aracruz. (3) 


Apesar de estar elaborando ainda o que aconteceu, posso-lhes falar que o que aconteceu, não apenas comigo, foi uma injustiça brutal. Não sei, inclusive, se posso falar se fui preso ou detido, pois eu fui sequestrado pela força policial do estado. 


Para contextualizar, minha prisão se deu na seguinte sequência de acontecimentos: 
1) o BME atacou os estudantes com bombas na Avenida que leva a terceira ponte e dispersou a multidão (1) 
2) A multidão se juntou novamente e decidiu fazer uma assembléia na Av. Cesar Hilal, longe do comboio da polícia. 
3) Em um determinado momento da assembléia, foi desencadeado um tumulto e um corre-corre pois um P2 (policial infiltrado) sacou a arma e apontou para uma pessoa. O P2 se dirigiu em direção ao comboio da polícia e eles resolveram avançar rumo à multidão. 
4) Após relativa calma, resolvi sair do posto de combustível que estava e fui caminhando em direção aos policiais que já tinham dispersado boa parte dos manifestantes. (sempre com a camera na mão). 
5) Em um determinado momento do caminho me deparei com pessoas deitadas no chão em frente de um prédio. Por estarem fora da aglomeração pensei que não haveria problemas em filmar e além de tudo havia imprensa no local. 


Ledo engano! Quando me aproximei com a filmadora em mãos logo veio uma policial me abordando: http://www.youtube.com/watch?v=c7_eWWx7Zjo&feature=related

Na sequencia disso, ela declarou que estava preso. Simplesmente isso. Assim como os outros colegas fui entao deitado no chão de bruços e com os braços para tras; não fui algemado como os outros pois eles não possuiam mais algemas.

 Fiquei então uns 5 minutos nessa posição e fomos conduzidos até o camburão. No camburão, ficamos esperando por uns 30 minutos, sendo que boa parte do tempo sofrendo pressões psicológicas do policial. Na gaiola que fiquei estava apenas eu e mais um adolescente, entretanto nos outros haviam 4, 3 pesssoas. 

Eu e mais uma pessoa já foi extremamente apertado nem imagino com quatro pessoas. Cômico foi o policial falar em “Direitos Humanos Internacionais” naquela situação toda. Fomos conduzidos até o BME e lá fizeram nossos cadastros, obtendo nossos dados. 

Após um tempo prolongado, nos colocaram num ônibus e nos conduziram até o DPJ. No DPJ apesar da presença da imprensa, Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos, Sindicato dos Advogados, OAB, procuradores e muitos advogados não houve por parte do delegado uma avaliação sensata do nosso caso. 

Essa entrevista com a advogada da Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos advogados explica muito bem o que aconteceu:(http://www.eshoje.com.br/portal/leitura-noticia,inoticia,12772,estudantes_presos_pelo_bme_nao_tiveram__direitos_respeitados_no_dpj_de_vitoria.aspx

No final das contas, fui o ultimo a ser libertado e já era 6:30 da manhã. O tempo total desde quando fui detido chegou quase a 12 horas, meio dia. Um absurdo. 

Por fim gostaria de pontuar três coisas: 1) A atitude do promotor Saint’Clair de permanecer detido junto com a gente até o ultimo sair foi muito corajosa e muito importante para que o processo caminhasse. Vale frisar também o apoio dos advogados e comissão de direitos humanos. 

2) Gostaria de agradecer o apoio e a preocupação de muitos amigos, professoras, pais e familiares. 

3) Repudio veemente a cobertura que a imprensa capixaba tem dado ao que tem acontecido. Todos os esforços da imprensa estão voltados para deslegitimar o movimento que é fundamental para que haja um transporte público acessível e de qualidade e de uma sociedade sem violência. A imprensa minimiza a violência da polícia, maximiza desvios de alguns manifestantes, desconsidera fatos e distorce outros. Total desserviço! 

(5)  É isso. A luta continua! Saudações   Tássio Jubini Ventorin Psicologia (Ufes) Calpsi (Centro Acadêmico Livre de Psicologia)      

 (1) Esses vídeos comprovam que a manifestação era pacífica e mostra o primeiro ataque covarde do BME, jogando bombas de pimenta http://www.youtube.com/watch?v=WEi3n-G8NPo&feature=player_embedded O desespero tomou conta de todos:http://www.youtube.com/watch?v=IFHDBtKWlU4&feature=player_embedded   

(2) Vídeo da Record que mostra um pouco da ação da polícia.http://www.youtube.com/watch?v=ZV2LGwG7ZHo 

(3) Operação para desocupara área em Aracruz/ES http://www.youtube.com/watch?v=DQ7gM8rpzxU&feature=related 


(5) Esclarecimentos sobre os recentes protestos em Vitória, Espírito Santohttp://correiodobrasil.com.br/esclarecimentos-sobre-os-recentes-protestos-em-vitoria-espirito-santo/249905/    

 Links importantes: 1 - Com a pistola na cara: Eu, baderneiro, confesso minha culpa, meu pecado  http://seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=11422   

2- Agressão policial  http://www.youtube.com/watch?v=eEK_g3M-2XA   




6 – Protesto em Vitóriahttp://protestoemvitoria.blogspot.com/




Por: RoleTássio Ventorin

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Capixaba precisa é de disposição.

Escrever de cabeça quente. Eu, não gosto.

Espero geralmente passar um pouco o calor do momento, pra depois botar no papel seja lá o que for. Até porque ficar nervoso só ajuda a trazer no papel, mais uma tonelada de adjetivos. Não sou muito fã de adjetivos.

Agente enumera as qualidades ou defeitos das coisas quando quer que as pessoas vejam aquelas coisas e pensem, sintam, se comovam, igualzinho agente. Mas nenhum  texto tem esse poder. Assim como o amor não é uma coisa só, cada um sente de um jeito.

E eu não tô aqui pra fazer média com ninguém mesmo. Tô aqui pra falar do que eu vejo, do meu jeito, com os meus sentimentos. Se for ao encontro do sentimento dos outros, legal. Se não, tudo bem. Agora, mesmo se não bater quero ter a oportunidade de escrever algo sem (muito) rancor ou pieguismo, pra que todo mundo leia.

Afinal de contas, é tão pouca coisa escrita que agente tem sobre a nossa realidade, né capixabas? Então tentemos produzir umas reflexões assim, mais tranquilas, pro consumo de todos.

Sobre isso tem algumas coisas que, passada essa semana, acho que ficaram em aberto. Sobre as quais eu refleti um bocado, mas que ainda não tive condições de botar por escrito com calma. Até porque tá tudo acontecendo.

O mundo não para né cazuza?

Uma delas é uma avaliação do atual governo do Espírito Santo. Que começou de maneira deveras peculiar. Quem deve estar feliz agora, na moral mesmo, é o Ricardo Ferraço. Lembram que ia ser ele o governador eleito com mais de 70% dos votos? Mas então. Não foi. A bomba estourou no colo do Casagrande, que herdou o governo do Estado do Imperador. Não o Adriano, o Paulo Hartung.

E esse espaço de vice do PT? Tá certo, antes ser vice do PSB que do PMDB, sem sombra de dúvidas. Mas e aí, o PT é mesmo governo? Ou continua refém da máquina? Porque o que eu tenho assistido é a máquina funcionando bem azeitada há nove anos, enquanto de norte a sul do estado, tem cada vez mais gente reclamando sobre coisas que não dizem respeito só à máquina. Mas a respeito da direção que a apontam, principalmente.

Segundo, sobre o papel da mídia no Estado. Ninguém nunca teve nenhuma ilusão com Rede Gazeta, Rede Tribuna. Todo mundo sabe com quem eles fecham. Mas durante essa semana, as manifestações contra o aumento da passagem do #protestoemvitoria, jogaram forçaram esse debate pra sociedade capixaba. Muito mais eficaz que muito mais gente organizada que debate isso há tempos, e não consegue essa vitória que os manifestantes conseguiram.

A internet faz milagres, e o vídeo da "Gazeta Mentirosa ahá uhú" pra mim é um clássico eterno da rede!

Terceiro, sobre organização. Dos manifestantes, dos organizados dentro do protesto, de todo mundo que reclama sem conseguir ser ouvido no Estado. Sem conseguir virar notícia. Sem conseguir fazer parte do "debate". É, são muitos interesses. Muita gente esperando horizontalidade. Mas não dá pra negar, quem tá mais organizado sai na frente. E isso funciona tanto pras manifestações contra o aumento, como pra todo mundo que tá insatisfeito com qualquer coisa nesse estado, mas não se organiza pra forçar esse debate.

Até porque é triste assumir isso, mas diante da Máquina, somos poucos e fracos. Desorganizados. Mas organizados temos uma chance, o que também não quer dizer vitória.  Mas temos a chance de forçar alguns debates incômodos, expor algumas verdades inconvenientes pra muita gente (não to falando do vídeo do al gore). Mas isso demanda uma outra coisa, humildade. Principalmente de quem se propõe às coisas.

Porque, no final das contas, é como eu falei lá no começo. Sentimento. Não existem organizações sem pessoas, pessoas que sentem. Há quem sinta angústia, há quem sinta revolta, há quem se comova com a injustiça. Há quem quer aparecer, quem quer dominar, quem quer poder. Tanto do lado de lá, da Máquina Capixaba (No Governo, na Assembléia, no Judiciário, na Mídia, na FINDES) quanto do lado de cá (Nos partidos progressistas, no movimento social organizado, até nas manifestações do #protestoemvitoria).

Eu não nego, já transitei pelos dois polos. Já fui sectário, já sofri com sectarismo. Já disputei espaços de poder, hoje eu não tenho a menor paciência pra isso. Já quis construir hegemonias, e hoje eu vejo nitidamente que hegemonias são contraproducentes. Não só por tornar refém os outros, mas principalmente porque o grupo hegemônico tende a minguar suas próprias forças. Todo mundo sente, mas nem todo mundo sente a mesma coisa sempre. Gente pensa, gente vê. Gente Cansa.

E o que os capixabas precisam hoje é de disposição.

pensa nisso!

#marchadaliberdade dia 18 de junho! concentração a partir das 12:00hs no Estacionamento do Teatro da UFES. Vamos marchar tod@s juntos!

e essa semana solto esses textos que eu prometi. O primeiro vai ser "O PT e a Síndrome de Estocolmo"

segunda-feira, 6 de junho de 2011

vídeos

taí uns vídeos galera, procurando a tag #protestoemvitoria no youtube tem muito mais.




Fui preso galera!

Vê só que doidera:

Era uma quinta feira, e eu tinha acabado de assistir no Balanço Geral o Amaro Neto transmitindo ao vivo aquele furdúncio lá no centro de Vitória, no Palácio Anchieta. O BME passando por cima do tiozinho, disparando bala de borracha, esfumaçando todo aquele cenário que os capixabas tem por muito familiar: o Canal de Vitória e o porto por trás das grades, separado pela avenida onde tudo começou do palácio anchieta, todo garboso no topo das escadarias.

Que viraram barricadas, com um monte de estudante jogando pedras sobre o BME. Achei digno. Quem ficou mal foi o jornalista da record, com aquela quantidade de gás das bombas arremessadas pelos soldados na direção do Palácio Anchieta. Assisti enquanto almoçava.

Fui pra UFES, pra Semana Nacional de Pós Graduação do Mestrado de Ciências Sociais, evento que o Mestrado do Curso realizava pela primeira vez. Participei do GT até o intervalo, 15:00 da tarde, e fui pegar meu copinho de café. E falaram do ato lá na frente. Fui né. Já tinha assistido tudo pelo Balanço, queria ver com os meus próprios olhos o que tava acontecendo.

Cheguei lá na Frente e uma galera já tinha fechado a Fernando Ferrari. Muito mais gente que no centro, aparentemente. E o BME chegou, e foi o Caos. Confesso, ajudei a quebrar o cadeado do portão da universidade. Ia ser foda todo mundo correndo, imaginava, pelos portões apertadinhos da ufes quando o BME agisse. Eu sabia que eles iam dispersar todo mundo.

Mas deu tudo errado. Eles dispersaram todo mundo e se mantiveram na frente da ufes. Inevitável, pedras voando. E bombas pra dentro da universidade. Nesse momento, já não havia mais estudantes na rua, todos dentro da universidade. Em frente ao Teatro Universitário, onde acontecia um evento de educação infantil ao que me parece. Haviam vários ônibus estacionados em frente. Foram os que levaram as crianças pro Teatro e que estavam sendo bombardeados pelos policiais.

Quatro pessoas foram presas, sem acusações. O oficial responsável pela operação, indagado por mim, se recusou a dar informações sobre as prisões.

Com meu celular filmei toda ação. Principalmente dentro da universidade, filmando os policiais fora, gritando "Tô filmando, não atira, tô filmando!" "Só tem criança no teatro manda parar de atirar bomba, só tem criança!" "Para de dar tiro tem um monte de menina, tem um monte de criança, para de dar tiro". Enquanto isso eles, por trás das grades, continuavam com as bombas, com os tiros. Pra dentro da Universidade.

    Foi essa hora aqui


Aí eu tomei o primeiro. E o segundo, na costela e na barriga. Achei que fossem pedras no começo, mas quando ardeu entendi o que tinha acontecido. Tomei dois, corri, tomei o terceiro, com certeza do grupo que eu filmava: Um oficial e mais três policiais, um dos quais disparou um tiro à curta distância. Esse oficial...

Aí acabou meu dia. Os manifestantes se reagruparam dentro da ufes, e saíram em passeata pela saída norte da Universidade em direção à Terceira Ponte. A essa altura até o vice reitor, além das criancinhas do Teatro, já tinha curtido sua dose diária de gás lacrimogênio. E a passeata seguiu surpreendentemente ordeira e pacífica, pra tudo o que já tinha rolado aquele dia. E fui junto né? Até tiro já tinha tomado!

Meu plano era outro praquela quinta feira. Mas como se acovarda? Depois do que eu vi acontecer na frente da Universidade onde estudo, depois de tomar tiro de bala de borracha, como é que volta pra assistir apresentação de trabalho em evento acadêmico? Fui junto. Mas confesso que sabia que ia dar merda. Os caras do BME tudo com sangue nos olhos durante a ação. Na crueldade mesmo, no sadismo, na piadinha...

Pro BME, só os reprovados no psicotécnico, parece. Todos sem identificação, uma boa parte deles mascarados. Levantaram a suspeita de serem esses os que fazem algum curso na UFES. Nos reencontramos antes da praça do Cauê, no final da Reta da Penha. Mais balas de borracha, mais bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. Na ufes estava com a camisa molhada no rosto, sofri pouco com o gás. Na chegada da ponte foi sinistro.

Todo mundo dispersando mó correria. Nos reagrupamos na Cezar Hilal. Resolveram fazer uma plenária pra decidir o que fazer. Quarenta minutos de jograis poéticos até que estoura um corre corre. Gente gritando, correndo, uns pra um lado outros para o outro.

ENTÃO: Um sujeito armado estava no meio dos meninos, ninguém sabia exatamente fazendo o que. Gritaram "POLÍCIA!" e ele "não sou polícia não não sou polícia não" até que, acuado, assumiu ser policial e levantou a arma efetuando três disparos. Uns correndo dele, outros correndo pra cima dele. E eu correndo atrás desses: "Vocês tão doido, tão querendo tomar tiro alguém aqui tem o peito de aço?". Ainda ouvi de um cidadão muito bem disposto "Se for mais de dez atrás dele ele não vai ter bala suficiente pra todo mundo, não vai atirar."

Aí enquanto o P2 corria da turba, no rastro dele veio o BME, com tiros e balas de borracha. Acabaram com a belíssima assembléia, que tinha decidido, veja só, marchar até a casa do Casagrande(!!!). E todo mundo correu, na iminência de quê? Correr pra Leitão da Silva, pra voltar pra UFES. Foi a proposta derrotada no exercício poético-discursivo dos jograis.

Falei o tempo todo pra todo mundo: Tá doido gente, os caras com sangue no olho e vocês fazendo plenária? Vamos em passeata pra qualquer lugar, em passeata os caras não pegam agente, tamo aqui chamando eles. E rolou a treta com o P2. E o corre corre. E o BME chegando na grosseria.

Aí fudeu tudo.

Todo mundo correndo entre os carros e os policiais atravessaram pelo terreno baldio da antiga GIACOMIM, se não me engano. E encurralaram uma galera. Eu dentre eles. Quando dispersou todo mundo eu fiquei pra trás, fotografando e orientando a galera pra correr "Corre galera sai daí, agrupa com o resto do povo lá na frente!"

Aí eu parei na frente de um prédio cheio de gente da passeata. Tem até um vídeo aí que mostra, exatamente a hora da minha prisão. "Sai de dentro do prédio gente, vc´s vão ficar aí em 10 com todo mundo lá na frente? Vamo atrás de todo mundo aqui agente vai se fuder!" Aí cercaram agente. "Todo mundo volta pro prédio, corre pra dentro eles tão vindo!" e fiquei do lado de fora pra assistir o que acontecia.

Eis que vindo  com a tropa que invadia, quem eu reencontro? O querido oficial que eu havia filmado lá na frente da ufes. O mesmíssimo, com a farda camuflada. Pistola apontada para a minha cara, desde lá debaixo: "MÃO NA CABEÇA! MÃO NA CABEÇA!" "sim senhor"

Botei as mãos na cabeça e desci as escadas do prédio em direção à calçada. Fui imobilizado e jogado no chão. Não ofereci resistência. "DEITA COM A CARA NO CHÃO, CARA NO CHÃO!" Fiquei com a cara no chão.

Chega o oficial: "ACHOU QUE IA FILMAR A MINHA CARA NÃO É? CADÊ SEU CELULAR? CADÊ O CELULAR?". "No meu bolso esquerdo senhor". Fui revistado, não encontraram. Me levantaram eu peguei o celular no bolso e entreguei a eles. Me algemaram e me botaram no cofre da viatura com outro manifestante que fotografava e filmava o ato desde o começo.

Durante 1 hora fiquei preso no cofre da viatura e algemado, ouvindo o rádio da polícia. No rádio, a confirmação de que o sujeito armado era realmente um policial infiltrado: "O que foi que aconteceu?" "Um colega nosso do serviço reservado foi identificado, correram pra cima dele, mas agente garantiu a segurança dele lá".

Pelo celular do brother preso comigo, consegui avisar que havia sido detido, ainda no camburão. Foi muita gente pro DPJ, à espera de muitos amigos que haviam sido presos. Amigos, filhos, namorados, ex namorados, alunos, companheiros... E todos na maior agonia, porque só chegamos à delegacia depois de muito tempo detidos. Demos um rolêzinho antes.

Nos levaram todos para o quartel do BME em Maruípe. Fomos fotografados, tivemos a ficha levantda. "Mora aonde? Estuda na UFES? Qual curso?"  Menores de idade, meninas inclusive, todos na mesma situação. Sendo interrogados pelo BME.

Um oficial vem devolver meu celular. Todos os vídeos e fotos haviam sido apagados.

Algum tempo depois somos levados em um ônibus até a frente do DPJ de Vitória, no bairro Horto. Muito tempo após a nossa detenção, que deve ter ocorrido por volta das oito e pouco. Só fomos liberados da delegacia às quatro e tantas da manhã, sem que tenhamos sido sequer informados acerca do motivo da detenção.

Devo ter sido preso porque filmei. E tomei três tiros pq não joguei nenhuma pedrinha...

Faz sentido pra você?

desabafando, na moral? Igualzinho ao Espírito Santo. Aqui nada faz sentido. É governo defendendo ilegalidade, como no caso da construção do Estaleiro da JURONG na Barra do Riacho em Aracruz. É governo querendo expulsar gente de casa pra dar terra pra VALE em anchieta. É governo botando polícia pra expulsar gente de casa em Aracruz. Pra jogar bomba e dar tiro pra dentro da UFES. Hospitais Lotados. Passagem Cara, Serviço Péssimo. Trânsito Caótico. Poucas Ciclovias. Presidente do Tribunal de Justiça pego com a boca na botija vendendo sentença. E quem vai preso sou eu. Ele só aposentou com 22mil de salário. E tem mais um monte que vende sentença e todo mundo sabe e não fala nada. E tem mais um monte de coisa errada acontecendo que todo mundo sabe e ninguém fala nada. Um Estado que é muito mais sensível em manter a máquina funcionando que deixar a existência dos seus cidadãos mais suportável, nesse mundo caótico em que nós vivemos. E A GAZETA E A TRIBUNA FALANDO QUE TÁ LINDO, VAI TER EMPREGO, TAMO CRESCENDO. O que tá crescendo é o lucro do patrão de vocês,  das três famílias que são donas do Espírito Santo até hoje, e ficam alugando A MINHA TERRA feito PUTA pras multinacionais estrangeiras trazerem as plantas industriais que ninguém mais quer no "mundo desenvolvido" só pra ter mais uma graninha pra disputar eleição. Mas deixa estar. Enquanto vocês acham que o mundo não vai mudar, e se acomodam com conforto, é que o mundo se sacode e derruba esses parasitas que impedem o nosso livre desenvolver!

hoje os meninos marcaram um ato, concentração a partir das 7 da manhã no Palácio Anchieta. #protestoemvitória

e no dia 18 de junho a #marchadaliberdade! uma festa pelo direito da livre manifestação, contra a violência policial, contra os crimes ambientais dos governos, contra todos os tipos de discriminação, pelo livre desenvolver do povo! uma festa, pra matar os recalcados do outro lado de inveja!