sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

arrumou a maior confusão e sumiu no mundo

 Aí ele pegou o ônibus né, e foi embora. Falou que ia subir pro norte, são mateus, conceição da barra. Tem tempo que não o vejo.

Fiquei com saudade, há muito que eu queria ver ele denovo. rezo a deus todo dia pra que isso aconteça.

o que eu ouvi dizer foi assim

no ônibus mesmo ele conheceu a tal moça lá. que levou ele. É eu digo que levou, pq levou mesmo tá. Eu sei que o caminho dele quem escolheu foi ele mesmo, mas pra mim quem levou ele lá foi ela. é ela que eu culpo.

mas então, de lá da rodoviária mesmo, quando desceu e ligou pra casa, só o que agente sabe é de ouvir dizer.

ele foi pra casa dela. casa grande, tinha pai mãe, irmão tudo do bom e do melhor a dita cuja lá. Casarão no interior, fazenda, pasto e café. e um monte de confusão. eu nunca vi nem foto dela, mas bonita devia de ser mesmo. pra ter virado a cabeça dele desse jeito...

eu sei que ele chegou e foi logo trabalhar. chegou com ela, ela ajudou, botou na fazenda do pai. era um menino sabido, esperto, inteligente. sabia se virar. e foi parar lá naquele fim de mundo, trabalhando de peão, vê se pode... mas foi, foi trabalhar de peão. cuidar de gado, do café, enfim, serviço de peão né... mas sabia que não ia durar.

primeiro, porque o menino era esperto mesmo. qualquer patrão sabia que tava perdendo dinheiro deixando alguém daquele jeito pra fazer serviço pesado, tendo um montão de coisa de negócio, das terras, da fazenda pra cuidar...

sabido ele era, sempre foi muito! desde pequenininho...

segundo porque já tava enrolado lá com a moça né. filha do patrão, que botou ele nesse esquema aí de peão. essa é uma das partes que eu não entendi direito. porque botou ele logo de peão né? podia ter visto uma colocação melhor pra ele, mas não, foi de peão mesmo.

às vezes eu penso assim, vai ver foi ele mesmo que pediu. sempre foi dessas besteiras de humildade orgulhosa. vai entender... mas continuo achando que essa aí é que foi a perdição dele.

eu lembro quando ele ligou, lá da rodoviária. "ei tia olha só..." aí contou né, conheceu a menina, ia com ela pra casa dela lá, que ia trabalhar. era o plano dele desde o começo, saiu sem falar nada pra ninguém ó. falou que era férias, que ia pra itaúnas, pra cima lá. acreditei, sempre foi disso, de viajar e sumir...

dei a benção e falei comigo mesma "já já ele enjoa e volta". nunca teve nada assim que durasse muito com ninguém por aqui. não ia ser naquele fim de mundo, com uma moça que ele acabou de conhecer, eu pensei. acho até que tava certa, errei só de achar que ele voltava. voltou não.

arrumou a maior confusão e sumiu no mundo.

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