terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Da Aracruz à Fibria - as novas velhas práticas da indústria papeleira!

A L U C I N A N T E essa matéria:

"Os personagens principais dessa matéria são os seguintes: Votorantim, FIBRIA (Antiga Aracruz), Stora Enso e BNDES. A Cadeia Produtiva - controlada por essas empresas e que tem como maiores investidores o BNDES e a Votorantim - está ligada, segundo documentos levantados pela reportagem, aos crimes listados:

Violação dos direitos humanos, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, corrupção, fraude na certificação ambiental FSC, fraude em licenciamentos ambientais; terceirização ilícita de mão de obra, fraude em processos de arrendamento de terras, produção de documentos forjados, grilagem de terras, uso de policiais como vigilantes particulares; devastação de mata nativa, assoreamento de rios, ocupação ilegal de terras indígenas, ocupação ilegal de terras da União, ocupação ilegal de terras quilombolas

As informações aqui relatadas foram coletadas no Poder Judiciário, no Ministério Público da Bahia, no Ministério Público Federal, em diversos órgãos federais, estaduais e municipais. Uma das empresas que fazem parte dessa cadeia, a Veracel, controlada por Fibria e Stora Enso, responde a mais de 900 processos."




leia aqui, na íntegra, esse exemplo de bom jornalismo que eu NUNCA VI na mídia oficiosa do ES, salvo a do jornal online SeculoDiario.com

http://www.observatoriosocial.org.br/portal/sites/default/files/biblioteca/falso_verde_obs.pdf

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

#primaveracapixaba ou #magnomaltanao? a função social da guerra na sociedade capixaba.


E o vento virou em vitorinha.

Calor insuportável a semana inteira. Papo de olhar nas notícias o céu caindo no RJ e se perguntar porque não é aqui? Na semana do horário de verão. Terminar o expediente com o sol ainda no céu é mesmo uma benção. Foda é pegar busão lotado nesse calor.

O inverno vai ficando pra trás. Mas o vento sul não desiste assim tão fácil.

Primavera de 2012, o fatídico ano que todo mundo ficou ou esperando ou vendendo livro falando da profecia maia que vaticinava o fim do mundo. Escrevo de Vitória, uma das cidades mais antigas do país, das missões jesuitas mais populosas... Tinha muito índio por aí.

Continua tendo, mas agora todo mundo mora é na cidade, amontoado. Sorte daqueles que mantiveram pra si uma tribo pra chamar de minha, e uma terra pra enterrar o umbigo dos meninos que vão nascendo. Tem muita gente lutando por esse direito e nesse começo de Primavera foram os guarani-kaiowá, do mato grosso do sul, que se tornaram notícia internacional (apesar da resistência da grande mídia oficial) em abordar o tema.

Redes Sociais servem para um zilhão de outras coisas além de informar cada passo que você dá, aonde vc se encontra, o que está comento, cutucar os outros... Nada contra. Mas as redes sociais são também uma possibilidade  de horizontalizar o diálogo entre as opiniões dos indivíduos que nenhuma outra mídia até hoje ofereceu.

Você mesmo tá aí. Lendo a minha opinião sobre as coisas. rs

O caso dos guarani-kaiowá foi um fenômento desses, de horizontalização. Nacional, mundial, até. Mas é engraçado pensar que se você jogar a tag #protestoemvitoria no youtube aparecem 181 videos referentes às manifestações que ocorreram um ano atrás aqui nessa cidade, tão velha quanto o brasil.

Muita coisa rolou, de lá pra cá. diz ae Racionais. É verdade, diria Sabrina Sato. Mas certas coisas parecem continuar sempre as mesmas. Pega Vitória, por exemplo: Aqui geral se conhece. Tem três pessoas né? Eu, você e alguém que a gente conhece! E quando cruzamos na rua não nos cumprimentamos! rs

Clichê, né? Pois é.

Mas as duas coisas devem ser levadas em conta: tanto que aqui, todo mundo se conhece, mas não se fala. Quanto é muito fácil se comunicar horizontalmente nesse oceano da internet no qual o Espírito Santo, pra não falar de Vitorinha, é só um grãozinho de sal.

Ou vocês acham que lá no rio eles tão compartilhando #magnomaltanao igual os candidatos apoiados por paulo hartung, numa prévia descarada de 2014? Lá ninguém sabe o que é isso. Lá não devem ter chegado as centenas de milhares de adesivo que misteriosamente brotaram por toda a cidade de Vitória! rs

Que jeito de terminar a campanha do Luiz Paulo. Foi demais pra ele mesmo. Aqui é foda, mano, geral se conhece. Mesmo o que não foi pra internet - até pq é uma mídia nova - fica na boca do povo.

Esse papo de cheira ou não cheira cocaína, tipo, foda-se. Só se ele tivesse usado sua influência política pra escapar de um possível flagrante. Mas ninguém tem provas nem disso, nem de que ele de fato faz uso do concentrado da folha de coca, essa planta mágica dos povos índigenas da América Latina. Esses índios né galera? rs

Daí a ser condenscedente com o cara, são outros quinhentos.

O cara é #fichasuja, pra começo de história. Além de  ter essa história muito mal contada do assassinato do Denadai, cujas investigações resultaram na #cpidalama na câmara de Vitória, pra investigar fraudes nos contratos da prefeitura de vitória, quando ele era prefeito.

Pra melhorar, aparece na #listadefurnas - caixa dois montado na estatal que abasteceu campanhas tucanas. Onde consta inclusive a Escelsa como fonte de recursos, empresa que aparece na #privatariatucana como um dos esquemões do #PSDB durante o governo FHC. Nessa época, quem governava aqui era o Luiz Inácio. Aqueeele da sopa. Crime organizado, Gratz, que entrou pra história como o bicho papão de Vitória, essa terra tão antiga.






Se eu te falar quem era prefeito aqui da capital... rs







        Aí o cara vai lá e "muda a agenda". O segundo turno foi só "eu não cheiro pó" e "luciano é apoiado pelo magno malta". Porra Luiz Paulo! Transformar essas nas questões centrais do segundo turno pode acabar passando nas urnas um teste de doping que não é da conta de ninguém.

Além disso, você realmente acha que o Paulo Hartung, aquele que te banca desde o seu primeiro mandato na prefeitura de Vitória, tem um passado tão ilibado assim?

É muita sorte a mídia capixaba - essa feita por jornalistas que todos nós conhecemos - estar tão atarefada com o bafão que foi cada debate desse segundo turno, com vocês se engalfinhando. Aí dá pra dar dixavadinha a notícia que o ex secretário  de Justiça (hehehe) do seu padrinho teve os bens bloqueados por CORRUPÇÃO. O Desvio de verbas do IASES levou à CADEIA os dirigentes do instituto responsável pela ressocialização dos menores infratores.

E o ex secretário de fazeeeenda meu, que virou sócio do ex governador numa empresa de consultoria e foi fazer lobby lá nas OROPA pra instalação da Ferrous em Presidente Kennedy.
 É, presidente kennedy, que o prefeito foi cassado, preso, com mais uma galera.

E até a VEJA noticiou o envolvimento do imperador - não o adriano - com a parada, envolvendo o roberto jefferson - ator principal do filme mensalão - e um conselheiro do TCES num esquemão "abafa que os negócios são dos meus amigos".  Falei que o irmão desse secretário é o diretor da Delta aqui no estado? Aqueeela Delta - da CPI do Cachoeira, que era um notório financiador de campanhas por aí.

E não vou nem cruzar a terceira ponte, manim, pq aí o bagulho vira enredo de suspense policial. Porque tem uma morte de juiz até hoje muito mal contada aí, que envolve grampos ilegais, depoimentos retirados e provas sumidas.

Vou botar na conta de quem?

Aí a nova agenda é o apoio do magno malta ao luciano rezende. Sério mesmo que vocês estão achando que vão se safar dessa fácil assim? E o segundo turno? E as propostas para a cidade? Luiz Paulo merece essa derrota. Mais ainda do que o Luciano merece essa vitória.

Até porque, não tenho dúvida nenhuma disso, o PMDB de Hartung - partido que indicou o vice do candidato tucano e tem a vice prefeitura na administração do PT - vai acabar ganhando uma tetinha pra mamar com ele também. Muda tudo, sem mudar nada.

Acho meio irônico para o PT, que enfiou o pmdb lá dentro e agora assiste a chapa deles esculachar a atual administração. O João não quis dar as costas para o Hartung. Agora apanha do coleguinha dele, sem poder fazer nada. Tá na mão dele.

Luciano é outro que jamais dará as costas pro imperador.

Mas minha torcida é pra derrota do Luiz Paulo. O Luciano pelo menos vai ter que mostrar serviço, primeiro cargo executivo. A outra bateria não. Seria a coroação de um projeto escrito lá atrás, no Vitória do Futuro, fruto de uma visão neoliberal de mundo que faliu.

Luiz Paulo, Paulo Hartung, foram os jovens neoliberais. Uma vez, assim como o Luciano, foram os porta vozes da novidade. Não são mais. São velhos, assim como as suas idéias. Não merecem governar. Não só por fazerem mau uso do que é público, mas principalmente por acreditarem que o papel do Estado é tão somente incentivar a apropriação da mais valia de muitos por parte de poucos que, na maioria das vezes, jamais vão por os pés aqui no Estado do Espírito Santo.

É disso que se trata o Novo Velho Espírito Santo: Grandes projetos financiados por capital estrangeiro ( E público via BNDES!!) e beneficiado por incentivos fiscais pelas "autoridades" do Estado. Licença pra comprar a preço de banana (pagando os 10%) a nossa TERRA (E Ar, e Mar!), pra poluir sem pagar, ao troco de empregos de peão pra galera e MUITO MILHÃO no bolso de alguns pouquíssimos players. Nada contra gerar empregos. Mas que pelo menos paguem os impostos e respeitem a saúde do povo e da terra capixaba!

E no rastro dessa grana, sobra favelização, degradação ambiental e corrupção. Não acredita? Dá um rolê em presidente kennedy, aracruz, anchieta, e vai ver como tá. Criminalidade, prostituição, crack. O que é um problema numa grande cidade urbanizada, onde a urbanização é precária, a escolaridade baixa e oportunidades poucas, vira algo muito maior. Curiosamente, os políticos ficam mais baratos.

É isso que ninguém quer debater nesse segundo turno. O Luiz Paulo pq sabe que tem o rabo preso com hartung. O Luciano pq, coitado, acho que nem ele esperava estar aí pra ser eleito. Quem se deu bem foi a antiga Aracruz Celulose que investiu nos dois! Sempre soube jogar essa daí... Sinto falta é da Iriny,  a única a fazer uma campanha propositiva no primeiro turno.

Esse segundo turno estaria melhor com ela.

Em quem vou votar agora? Eu, particularmente, já me decidi. Vou votar na praia, antes que acabem com ela, igual tão querendo acabar com os guarani-kaiowá! Igual tão tentando acabar com o que esse Estado ainda tem de bom - uma natureza fértil e um povo desconfiado, mas de coração bom. Ingênuo, até... Parece que chegou todo mundo ontem da roça. E chegou mesmo!

E que o vento sul que sopra em vitória não deixe nenhuma dúvida aos capixabas de luta: é um chamado aos filhos da terra: pintem seus corpos, desenterrem suas armas.  A verdadeira mudança nenhum dos dois candidatos tem condições de fazer.São os tambores de guerra que trarão a primavera capixaba. E são precisos muitos braços para tocá-los. Braços jovens.

#magnomaltanao #foraph #primaveracapixaba

sem revisão.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Cuidado com os Candidatos de Internet! ou coronelismo2.0

Então galera, quem participa de alguma rede social já tá sabendo: Tá liberada a propaganda eleitoral na internet. E já pululam os candidatos com perfis recém criados no facebook, twitter... Outros cujos perfis nem são tão recentes assim.

Mas há uma coisa em comum entre todos: a autopropaganda.

é tipo isso mesmo!
O curioso da auto-propaganda em redes sociais é que o cara tem que falar bem de si mesmo assim como tem que lidar com as críticas diretas que lhe são feitas. Montou o perfil, botou a cara na rede, tem que interagir...

Eu disse "tem que"? Bom, não necessariamente... Aí depende da assessoria de marketing do cara.

Porque, veja bem... ninguém confia em quem fala muito de si mesmo né?

Pra isso existem duas saídas: ou eu chamo alguém pra falar bem de mim mesmo, ou então eu faço aquela propaganda deslavada sem dizer que é propaganda. Do tipo: "Olha o que eu estou fazendo! Que bom é pra você né?"

Bom, quando já se é vereador, isso fica mais fácil. Tipo, o pessoal tá puto com alguma coisa. Você vai lá na prefeitura, cobra uma resposta e, com a prefeitura cumprindo o seu papel, tcham tcham tcham tcham: Mais uma conquista do super vereador!

Pois bem, isso aí é o cupim da democracia.

Porque é o cupim da democracia?

Porque faz o cidadão acreditar que o papel do vereador é esse aí mesmo, de ouvidoria da cidade. Não é.


Quem tem que cobrar a prefeitura é você cidadão. Porque é um direito seu. O vereador legisla - propõe, discute e fiscaliza o cumprimento das leis. Verador não asfalta rua, tampa buraco. Quem faz isso é o executivo, por obrigação! 


É essa cultura do vereador de bairro, deputado de cidade, que torna a produção legislativa tão medíocre acá en Brasilsito. 


É o coronelismo 2.0 - recorra à figura paternal que vai resolver os seus problemas, cidadão. Não perca seu precioso tempo se organizando... Terceirize a sua preocupação consigo mesmo!


É igualzinho o que o "gazeta comunidades" esse quadro horroroso da rede gaveta que leva urnas aos bairros, num único momento de festa durante toda a vida das pessoas que ali residem, prometendo a solução dos seus problemas. É só chamar o jornalista... Você sozinho, cidadão, não tem força para nada. É essa a mensagem implícita.

E o candidato da internet segue desligado de qualquer injunção social da realidade - do tipo minha base pensa assim, meus eleitores me elegeram para fazer isso, eu penso o seguinte - como uma folha seca ao sabor do vento.

Aonde ele soprar eu tô indo.

Que responsabilidade eu tenho com a Cidade, com todos os seus cidadãos que eu recebo para representar, não só pq votaram em mim? Zero.

Não preciso de coerência. Preciso de Visibilidade. Nesse sentido o compromisso com quem doa dinheiro pras campanhas - cada vez mais caras - é muito maior e faz muito mais sentido.

Tem um certo vereador da cidade de Vitória que deve tá até agora tentando explicar sua trajetória no último mandato dada a resolução final do seu partido. Foi atropelado pelo bonde da realidade, da qual seu mandato tentou fugir o tempo todo com o discurso fácil colado nA Gazeta. Quebrou a cara.

Tem ainda os candidatos de comunidade do facebook: tipo cria uma comunidade, entra em uma, e fica lá postando suas realizações. Aí vale até virar ciclista de última hora.

 Ou melhor ainda, bota seus brothers de moderadores pra fazer campanha pra si mesmo. Aí é mais fácil ainda: seus aliados moderadores controlam o que é dito, apagando os tópicos que os contrariam ou expulsando os membros que questionam suas posições. A "fala vitória 156" é uma dessas comunidades de pensamento (ou candidato) único.

Afinal de contas, democracia é bom quando nos favorece. É aí que entra a segunda parte da ação do candidato de internet: Se blindar das críticas.

Bom, tópicos que caem no senso comum são os preferidos. "Ah, corrupção bla bla bla". "Minha rua alagou bla bla bla"

- É verdade, muita corrupção, meu mandato vai fiscalizar, vai bla bla bla, conto com seu apoio.

- Sou vereador de primeiro mandato, é a primeira eleição que disputo, não estou sujo, bla bla bla. (o curioso é que o cara que afirma uma coisa dessas admite implicitamente que, caso fosse candidato à reeleição provavelmente já teria assim, digamos, uma casquinha de sujeira)

- Vou cobrar macrodrenagem limpeza de bueiros e pessoalmente o prefeito, para que pare de chover!

Candidato de internet costuma ter uma atuação parecida com lojinha virtual vagabunda: faz bastante propaganda e não responde (ou pior, apaga) as críticas que lhe são feitas. Afinal de contas polêmica = marketing negativo na cabeça dos publicitários que fazem a campanha.

É aí que chegamos ao cerne da questão. O papel publicitário que embrulha o político como um produto, não está nem aí para a Democracia. Aquela, com D maiúsculo. O publicitário quer só vender mais um produto.


E a internet é um espaço que sempre foi louvado como realmente democrático - onde a opinião dos indivíduos, os blogs, as redes sociais permitem que a opinião do cidadão comum valha tanto, ou seja tão visualizada quanto a de um ocupante de cargo público, das propagandas eleitorais na TV, dos editoriais políticos dos grandes jornais (que são todos comprados e ninguém duvida disso)


Só depende do interesse de quem clicou naquele link. Você mesmo tá lendo isso aqui por isso.

Essa eleição, na internet, vai ser um marco para a Democracia Brasileira. Afinal, ao contrário do que é conveniente para muita gente tudo que nela é dito fica ali guardado. E se for polêmico com certeza alguém já deu pelo menos um print.

E é por isso que eu fico com as candidaturas de programa. Aquelas que seguem um roteiro escrito e debatido com uma ampla base já há tempos. Sou da época em que política era discussão de programa, não de quem era mais sujo. E olha que nem sou tão velho assim. Não voto em político que fica mudando de partido, não voto em político que fica mudando de posição à mercê de quantos cargos indica ou recebe na prefeitura.

Mas democracia é isso aí - cada um é livre pra escolher onde depositar seu voto. até para escolher não depositar voto nenhum. Mas eu deixo o meu recado: Cuidado com o Candidato de Internet.

Ele está para você igualzinho aquela loja virtual que faz propaganda nas redes sociais. Pode ser que embolse a sua grana e não entregue o produto prometido...


esse aqui eu peço que quem curtiu compartilhe. pra criar o hábito de construção da democracia, mesmo nos espaços virtuais.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Seria o fim da Greve?


retirado de (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-07-13/governo-propoe-plano-de-carreira-aos-professores-universitarios)

Governo propõe plano de carreira aos professores universitários

13/07/2012 - 16h52
Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo federal propôs hoje (13) um plano de carreira às entidades sindicais dos professores dos institutos e universidades federais. O plano entraria em vigor a partir do ano que vem. A categoria está em greve desde o dia 17 de maio. Neste momento, representantes dos grevistas conversam com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.
A proposta do governo estima que, ao longo dos próximos três anos, a remuneração do professor titular com dedicação exclusiva suba de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil. Além disso, “como forma de incentivar o avanço mais rápido e a busca da qualificação profissional e dos títulos acadêmicos”, os níveis de carreira serão reduzidos de 17 para 13.
Segundo documento do Ministério do Planejamento, “a proposta permite uma mudança na concepção das universidades e dos institutos, na medida em que estimula a titulação, a dedicação exclusiva e a certificação de conhecimentos”.
A proposta garante ao professor com doutorado e dedicação exclusiva salário inicial de R$ 8,4 mil. A remuneração dos professores que já estão na universidade, com título de doutor e dedicação exclusiva, aumentará de R$ 7,3 mil para R$ 10 mil.
A paralisação dos professores, que completou 57 dias, atinge 56 das 59 universidades federais, além de 34 institutos federais de educação tecnológica, dos 38 existentes. Eles reivindicam reestruturação da carreira e melhores condições de infraestrutura nas instituições.
No caso dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, a proposta prevê progressão de titulação. Além disso, o governo assegura que “haverá novo processo de certificação do conhecimento tecnológico e experiência acumulados ao longo da atividade profissional de cada docente”.

Violência no Campo: Notícias do Sul do Estado

Essaqui é pra filho da p*** que diz que os responsáveis pela "violência no campo" são os camponeses na luta por terras.

Sul Capixaba - 2012. Fazendeiro manda pulverizar área ocupada. Famílias são contaminadas e gestante perde bebê.



(retirado de http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=92532)

Fazendeiro ‘pulveriza’ famílias assentadas
com veneno e gestante perde o bebê





Uma mulher com quatro meses de gestação perdeu seu bebê após o ataque do proprietário da fazenda Santa Maria, em Presidente Kennedy, que está em processo de desapropriação. Ao todo, além da gestante, mais 18 pessoas foram hospitalizadas. A informação é que o latifundiário utilizou agrotóxico para ‘pulverizar’ as 75 famílias que vivem na região desde 2009. 


Segundo o Movimento dos Sem Terra (MST), o fazendeiro ordenou aos funcionários que pulverizassem a região. Ao cumprir a ordem, eles direcionaram o caminhão para o assentamento durante cinco minutos contaminando as famílias. 

Segundo o MST, os laudos médicos apontam o uso de veneno agrícola como a causa dos sintomas apresentados pelos assentados. Entre os sintomas estão: secreção no nariz e nos olhos; falta de apetite; náuseas e vômitos; cólicas abdominais; diarréia; dificuldade respiratória; aumento da secreção brônquica; tosse; salivação; sudorese e incontinência urinária.

A informação do movimento é que uma força tarefa encaminhada pela Secretaria Municipal de Saúde chegou a ser encaminhada ao assentamento para socorrer as famílias. Entre os intoxicados foram identificadas oito crianças. Após o pré- atendimento, todos foram encaminhados ao Hospital Tancredo Neves, em Presidente Kennedy. 

“Os empregados do fazendeiro espalharam herbicidas que possuem o princípio ativo utilizado na guerra do Vietnã pelo pasto”, denunciaram os assentados. 

Localizada em uma área de 1,3 hectares, a Fazenda Santa Maria fica a 16 km da sede do município Presidente Kennedy e já foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O órgão chegou a anunciar a emissão de posse da área em 2009, quando os sem-terra ocuparam a região. Porém, a informação é que o proprietário da área está inconformado. 

Neste contexto, o clima na região se mantém tenso e já foi denunciado ao Incra, Ministério Público Estadual (MPES) e à Polícia Militar. Sem a desapropriação oficial, eles denunciam que o fazendeiro já jogou o carro na direção de assentados e vem promovendo a coação das famílias assentadas. Eles cobram que o Incra proporcione a Reforma Agrária da região e a punição do fazendeiro pelo aborto de um bebê de quatro meses e a intoxicação dos demais assentados. 

De acordo com um dos dirigentes do MST no Estado, Marco Antonio Carolino, a polícia foi chamada no momento da intoxicação e está investigando o caso. Para isso, foram recolhidas amostras do veneno utilizado durante a pulverização.  As famílias prestaram depoimentos na Polícia Civil.  

Agrotóxico

O MST denunciou que o histórico de degradação por agrotóxico na região é grande devido o uso intensivo de venenos agrícolas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a pouca fiscalização do órgão responsável. 

O movimento encaminhou duas denúncias sobre o uso indiscriminado de agrotóxico ao Instituto de defesa agropecuária e florestal do Espírito Santo (IDAF). A primeira denuncia a ocupação da área de preservação permanente e a segunda a utilização APP, inclusive, com o uso de agrotóxico.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

PARA A FIFA, SOMOS TODOS CORRUPTOS. Ou "Pro capixaba, faz sentido..."

PARA A FIFA, SOMOS TODOS CORRUPTOS


  "Eu, você, minha avó e mesmo um recem formado na universidade
cheio de sonhos ainda. Para a Fifa, não há diferença. Somos todos corruptos
e equivalentes a “Teixeiras” e “Havelanges”.
  Hoje, o Tribunal da cidade suíça de Zug publicou seu processo contra
 os cartolas brasileiros. 
R$ 45 milhões em subornos passaram por suas contas em
 oito anos em propinas.
Mas o que mais surpreende no documento não são os valores
ou a constatação da obviedade da corrupção
que envolvia Havelange em seu reinado.
  Em um dos trechos,
o tribunal relata como os advogados da Fifa
tentavam convencer os juizes em uma audiência
 de que não viam problemas
 com a atitude de Teixeira e Havelange e alegavam
 que a proposta da Justiça
 de que os cartolas devolvessem
 US$ 2,5 milhões para os cofres da organização
 seria impossível de ser implementada.
Entre os vários motivos para não pedir o dinheiro de volta,
os advogados da Fifa apresentaram um argumento surpreendente:
 o de que a “maioria da população”
 de países da América do Sul e África
 tem nos subornos e propinas parte de sua renda “normal”
  Cito o trecho completo do argumento
 dos advogados da Fifa para não ficar dúvida:
“Os representantes legais da Fifa
 são da opinião ainda de que
 implementar a devolução do dinheiro
 seria quase impossivel. 
Eles justificam isso, inter alia,
 com o argumento de que
 uma queixa da Fifa na América do Sul ou África
 dificilmente seria aplicada,
 já que pagamentos de subornos
 pertencem ao salário recorrente da maioria da população”.
  Ou seja, Teixeira não devolveria o dinheiro porque,
 em nossa suposta “cultura”,
 todos temos parte da renda completada por subornos.
  Não vamos confundir as coisas.
A corrupção existe e é endêmica em nossa região
 e no Brasil, assim como na África.
Mas também existe na civilizada Suíça,
na gigante Siemens da Alemanha ou nos EUA.
  O que une a muitos hoje em nossa região
não é o fato de que
recebemos um pedaço de nosso salário em forma de subornos,
como insinua a Fifa.
O que nos une é hoje a indignação diante dessa realidade 
e o fato de estarmos exaustos
 de ver dinheiro público enriquecendo certas pessoas.
  Querer agora justificar
 a dificuldade em receber o dinheiro de volta
 alegando que somos todos assim
 não é apenas surpreendente como argumento legal.
É uma ofensa!
Peço desculpas ao leitor por sair da linha da notícia objetiva.
 Mas me recuso a ser comparado a Teixeira.
 A entidade sempre soube da corrupção
 e mesmo Joseph Blatter era o braço direito de Havelange.
 E a única atitude que tomou
 foi a de abafar os casos cada vez que surgiam.
  Quando Jerome Valcke sugeriu
 que o Brasil recebesse um “chute no traseiro” pelos atrasos na Copa,
ele tinha razão no conteúdo,
 mas não nas palavras usadas.
 Um vice-presidente do COI
 chegou a me dizer que a Fifa havia sido “racista”
ao fazer o comentário do “chute no traseiro”,
 adotando um ar de superioridade.
 Na época, achei que ele exagerava
 e que não havia lugar para racismo escancarado assim.
 Mas lendo agora o comentário dos advogados diante de um tribunal,
começo a pensar que ele poderia ter razão.
Basta, Fifa!"

Hoje eu senti a falta do William Bonner no Jornal Nacional.
 Queria vê-lo com a mesma cara que já falou tão bem dessa dupla 
- Ricardo Teixeira e João Havelange - 
afirmar que lá fora
 (parecido com aqui dentro do País)
 eles são mais sujos que pau de galinheiro.
E o Demóstenes... 
ah, no dia que esse pilantra foi cassado
 Mr. Bonner não apresentou o JN. 
Ia ser difícil esconder o rubor na face 
na hora de falar que na verdade,
 aquele eleito pela mídia
 como paladino da ética
 na cruzada contra os governos petistas,
 era simplesmente
 representante parlamentar
 dos interesses de certo bicheiro, contraventor, 
vulgo cachoeira.
Aqui no Espírito Santo,
 volta e meia agente vê casos parecidos.
 Empresas tem que mudar de sessão
 as fotos que publicam em seus jornais. 
Os amigos da coluna social ou política
migram pras páginas policiais... E todos fingem surpresa.
Costume Capixaba. 

sábado, 7 de julho de 2012

‘O povo brasileiro nunca se refere ao Estado Brasileiro na primeira pessoa do plural’


Retirado de (http://seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=89602)


"Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante"
George Orwell

   
Fotos: Nerter Samora
As movimentações políticas que precederam o início do processo eleitoral no Estado foram marcadas por uma série de acordos de gabinete, que além de unir partidos que nem sempre tiveram afinidade ideológica, derrubou do palanque jogadores de grande potencial. A chamada geopolítica movimentou os cenários eleitorais deste ano, com o objetivo de garantir a governabilidade e as articulações futuras.
Para o professor de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Maurício Abdalla, o problema desses agrupamentos é que em vez de uma união programática para a manutenção de um programa de governo, eles visam apenas a manutenção dos grupos no poder.
Nesta entrevista a Século Diário, o professor fala das causas desse sistema, que em muitos casos tira do eleitor o poder de escolha sobre os melhores projetos políticos, e as consequências dessas movimentações para a sociedade.
O professor fala ainda sobre a responsabilidade do eleitor e da mídia na manutenção desse sistema e das expectativas para uma mudança, ainda que a longo prazo.
SÉCULO DIÁRIO – Como o senhor vê a geopolítica que se faz no Espírito Santo?

MAURÍCIO ABDALA – Não só no Espírito Santo, mas no Brasil todo, o quadro das relações partidárias se faz em função das alianças em âmbito federal, no projeto de poder que acaba influenciando as alianças municipais. Se na verdade essas alianças se dessem em função de um programa, de um projeto de governo, é obvio que você deveria ter no quadro estadual e municipal uma reprodução daquilo que está se projetando no quadro nacional. E isso não teria problema nenhum, como você está em um sistema federativo, tem um projeto federal vinculado aos municípios e aos estados. Se a geopolítica se desse com base nesse projeto, projeto de desenvolvimento, de transformação do País, ou de resolução dos principais problemas, isso seria uma coisa interessante e necessária. O problema é que no Brasil essas alianças se dão muito mais num quadro de manutenção do poder e governabilidade do que propriamente em torno de um projeto. Então, você tem uma base de sustentação do governo federal, uma base bem fragmentada, que inclui PDT, PP, PTdoB, liderados pelo PT. Partidos que não têm afinidade ideológica se juntam dentro de uma articulação para dar sustentabilidade ao governo e para manter essa aliança, que tem que se reproduzir nos níveis estaduais e municipais. Acontece que esse tipo de relação do nível federal não se reproduz da mesma forma nos estados e municípios. Você tem em Vitória o PMDB apoiando um candidato do PSDB, sendo que no âmbito federal o partido está na base do governo do PT. Tem cargos, inclusive, e na prefeitura de Vitória, o PMDB é um partido que participa da administração, tem cargos...
– Tem o vice-prefeito...
–  Tem o vice da administração e por conveniência... não rompe em nível federal, mas no município vai apoiar um candidato que não é de um partido próximo, é de um partido que está no extremo oposto da administração federal. A própria tentativa do prefeito (João Coser) de apoiar uma candidatura do PMDB, mais para fazer articulações do ponto de vista pragmático do que programático. Isso acaba deixando para o eleitor pouca alternativa do ponto de vista do que ele pensa. Se você fosse botar que projeto eu quero para o País? Que modelo eu quero? Se o PT aqui apresentasse o Paulo Hartung, eu poderia dizer que o projeto do Paulo Hartung é o mesmo projeto que historicamente o PT defendeu? Como é que o eleitor do PMDB vai entender isso? O partido em nível nacional apoia o PT, mas em Vitória está com o PSDB. Essa mistura tira da política toda a parte programática, toda a parte de projeto, de pensar a economia do País, em projeto de desenvolvimento, porque são projetos diferentes. Os projetos do PT e do PSDB são diferentes.
– Isso enfraquece os partidos, na sua opinião?
–  Quando você faz alianças que te faz eleger mais proporcionais em todos os níveis, você tem o fortalecimento do partido. Tiririca levou Protógenes e o PTdoB se fortaleceu porque ganhou mais um deputado federal. PT cresceu 6% da eleição de 2006 para 2010 e houve uma queda do Democratas. O PR teve um crescimento de cerca de 48% . Pode-se dizer que esses partidos que cresceram se fortaleceram e que esses perderam vaga foram reduzidos. Mas do ponto de vista do que deveriam representar esses partidos na democracia, isso enfraquece, mas não enfraquece o poder dele como um partido que possa apresentar um projeto e que as pessoas possam escolher pelo projeto dele. E quando se fala em reforma política, como lista fechada, voto no partido – o que eu acho interessante, porque no sistema ideal, as pessoas deveriam pensar dessa forma: eu penso o que deve ser feito pela economia e pela política no País e esse partido tem ideias semelhantes às minhas. Então votaria no partido, independente do nome. Num quadro desse que se tenta fazer um voto mais ideológico, esse tipo de aliança só enfraquece. Enfraquece o sistema partidário no ponto de vista ideal, do que a política deveria representar na relação do eleitor com seu representado. Mas o eleitor acaba votando no candidato e ainda assim no voto proporcional, o voto não vai para o candidato.
– Vai para uma legenda. Uma matemática maluca e que deve se repetir nessa eleição, com candidatos com votação alta que ficarão fora das Câmaras, e outros com votação menos expressivas que irão entrar.
– Na verdade não é a matemática que é maluca e sim o sistema que é complicado. Os partidos deveriam ser pensados da seguinte forma: grupos de pessoas que defendem determinados projetos e o eleitor deveria pensar: eu sou a favor ou contra esses projetos. Por isso, o voto vai primeiro para a legenda. Essa é a lógica do sistema. Os votos que vão para um determinado partido significam o número de pessoas que querem que aquele partido esteja no legislativo. Só que as campanhas são feitas individualmente, então as pessoas não sabem que elas estão votando na legenda e a partir daí os acordos são feitos. PT e PMDB não são historicamente partidos com o mesmo programa. PMDB já esteve com PSDB, com Democratas...
– O PMDB sempre esteve.

– Está onde está o poder. Então, como o eleitor entende isso? Vota em um candidato do PT e elege um do PMDB.
– Foi o que aconteceu com a deputada federal Iriny Lopes (PT), que foi eleita, virou ministra e abriu vaga para Camilo Cola (PMDB), o que irritou boa parte do eleitorado dela.
– A maioria deles pensou: votei nela e ganhou Camilo Cola. Se fosse uma pessoa do mesmo partido, tudo bem, agora dizer que as atuações de Iriny Lopes e de Camilo Cola na Câmara eram a mesma? Essa é a situação, é como o sistema se apresenta.
– Outro fato complicado da geopolítica que gostaria que o senhor comentasse é sobre o poder de escolha do eleitor. Temos como exemplo o que aconteceu em Vila Velha, onde o PMDB tinha um dos favoritos da eleição, o deputado Hércules Silveira, que foi rifado do processo em favor dessa geopolítica. Agora o eleitorado dele ficou órfão. Isso também vem desse sistema de manutenção do poder que o senhor está falando.
– Exatamente. E o que o João Coser tentou fazer aqui em Vitória, empurrando Paulo Hartung. Isso tira do eleitor o direito de escolha. As decisões são feitas pela cúpula e visando essas alianças. Como disse, se fossem alianças do ponto de vista programático, seria até interessante, porque de fato você tem que articular as coisas, o problema é que elas não são feitas assim. São coisas personalizadas, pragmáticas, feitas para manter o poder, manter a governabilidade, para fazer acordos. Hoje você não tem o apoio do parlamento. As pessoas falam isso claramente. O Garotinho disse que se aprovasse o kit da homofobia, os eleitores iriam votar tudo contra o governo. O que é isso?

– É barganha...
– É barganha. E o cara fala isso publicamente. Então, a fase moderna da política não foi incorporada no Brasil ainda. As pessoas falam em pós-modernidade, mas estamos na pré-modernidade, em que as pessoas fazem as coisas em troca de favor. O princípio da impessoalidade, da adesão a uma ideia, não existe no Brasil. É isso que gera todos os problemas. Na medida em que você ataca esse foco dos problemas, aí você ataca as coisas da maneira errada. Por exemplo, dizendo que não se precisa de Câmara de Vereadores, de Câmara dos Deputados. Se por um lado isso não está acontecendo, não se resolve acabando com o sistema. E sim fazendo uma discussão mais profunda da política, não dizendo que todo político é corrupto, que política se faz na base da negociata, isso não fortalece a política.
– Isso não seria causado por esse sistema presidencialista híbrido, que deixa o Executivo refém do Legislativo?
– Não acho que isso seja o problema. O princípio do Estado moderno, que é a racionalização do Estado, tirar todos os interesses pessoais em nome de um interesse coletivo ou se isso figurasse... no Brasil nunca existiu. Aqui sempre foi o coronel que tinha interesse na sua terra, ainda hoje tem político que quer levar a cisterna lá para a sua terra. Então toda base da política moderna está sustentada não só na estrutura, mas também na forma de pensar. E essa forma de pensar é desde o início da modernidade, é a racionalização, a impessoalidade. Se isso vigorasse, como funciona em um ou outro país, não de forma perfeita, evidentemente, porque você nunca consegue separar totalmente as coisas, mas no Brasil acontece de uma forma totalmente diferente. Estamos vivendo uma era pré-moderna da política, é um pensamento pré-moderno em uma política moderna. De fato, se você concentrar os poderes na mão do Executivo, corre o risco de um totalitarismo. É preciso fortalecer o Parlamento para que ele discuta, debata. E além do mais, é um poder onde as coisas são mais facilmente debatidas com a sociedade, porque no poder Executivo, todo mundo que está ali concorda. Quando vai para o Parlamento, um parlamentar que é contra pode chamar a população para discutir a questão. É um processo mais demorado, porém mais democrático. E ele tem que ter esse poder, inclusive, de vetar. Mas não é que o Executivo é refém. Ele se torna refém, quando os deputados, sabendo de sua função e que o governo não governa sem ele, utilizam-se dessa função para tirar proveito.
– Quando o Legislativo deixa de cumprir suas funções de legislar e fiscalizar e passa a concordar ou discordar por conta de seus interesses pessoais.
– Ele não está refém do sistema e sim da forma de agir das pessoas. Isso é muito presente também na população. Não se pode colocar a culpa só nos políticos. Por exemplo, um político que se elege vereador e tem direito a contratar um número “x” de assessores, se ele tem um irmão que é bêbado e irresponsável, mas que está passando necessidades com a família. O certo é ele não contratar, mas se ele não contratar é capaz de, no bairro dele, a população dizer: “olha só, não ajuda nem o próprio irmão”.
– Já ouvi candidato dizer que é assediado por eleitor para que dê algo em troca do voto. Ou seja, a corrupção é uma via de mão dupla, não é?
–  Exato. Você está em uma fila e vê o irmão, já pensa que pode entrar na frente. Entrou na frente do irmão, mas não viu que tem um monte de gente atrás dele. Então ele está submetendo o direito dos outros à possibilidade que ele tem de tirar vantagem de uma situação. Isso está tão arraigado que quando o cidadão assume um cargo publico, acaba repetindo isso. É claro que precisa mudar o sistema, fazer a reforma política, mudar a relação entre o representado e o representante, mas não são as bases do sistema que estão corrompidas, elas são corrompidas com a prática.
– Então, essa prática já está tão incorporada que fica difícil mudar essa situação?
– É difícil. O remédio que a população está dando é errado, ela está aumentando a dose do veneno. E qual foi o grande veneno da política brasileira? O povo nunca participou efetivamente da política e nunca sentiu Estado como seu. Não tivemos um processo revolucionário que criou o Estado Moderno, como aconteceu na Inglaterra, na França, nos Estados Unidos. O povo se sente Estado. No Brasil nunca teve nada disso. O poder central do Brasil era exercido em Portugal. A Proclamação da República no Brasil, cem anos depois da Revolução Francesa, foi um acordo das elites. O povo brasileiro nunca se refere ao Estado Brasileiro na primeira pessoa do plural. Por exemplo: quando foram soldados brasileiros para o Haiti. “Ah, o Lula mandou soldados para o Haiti, nunca foi nós mandamos soldados para o Haiti”. Já nos Estados Unidos,  mesmo aqueles contrários ao envio de tropas para o Iraque, era: “nós não podemos mandar soldados para o Iraque”. O Brasil só fala na primeira pessoa do plural em Olimpíadas e Copa do Mundo.
– E é claro que não há interesse algum de quem está no poder de mudar essa situação.
–  De cima, não. E o veneno é essa ausência da população na política. E o remédio que as pessoas falam é justamente se afastar ainda mais da política. Se a ausência é o problema, se afastar mais ainda não é solução, é aumentar a dose do veneno. E a mídia contribui com esse afastamento que faz piada com isso: “Ah, o povo não gosta de política”; que trata o desvio de verbas em uma prefeitura como se fosse a mesma coisa de um desvio de verba em um clube ou na empresa. Não deixa claro que o que está sendo roubado é o que é nosso. Não tem a consciência da coisa pública, da res publica.
– E há uma tentativa de discriminar as iniciativas de incluir o povo nessa discussão política. Percebemos recentemente, sobretudo com o movimento em relação ao aumento das tarifas de ônibus, essa tomada das ruas. Mas também se observou o comportamento de parte da mídia e do governo na tentativa de descredenciar o movimento. Ou seja, há um aparelho ideológico e um repressor atuando para impedir essa identificação da população com o processo político.
– Acho que o ideológico mais forte que o repressor... se bem que o governo chegou a pensar em adquirir o mangueirão, não é? Mas hoje é mais ideológico. No livro 1984, do George Orwell, um dos burocratas não queira uma submissão objeta da população abaixando a cabeça por medo, queria que isso fosse fruto da própria vontade da sociedade. E é isso que está acontecendo. A carga ideológica de televisão, jornais, revistas, os meios de informação que a gente tem vão deixando as pessoas cada vez mais distantes da sua realidade, a ponto de uma pessoa estar em um ônibus lotado, pagando caro e xingando o pessoal que está na rua, porque ele está doido para chegar em casa para ver a novela ou decidir quem vai para o paredão do Big Brother. Gasta dinheiro com isso, mas não quer participar do Orçamento Participativo.
– E reclama do buraco no bairro o ano todo.
– Exatamente. Um lugar aberto a todo mundo, mas não vai. Essa carga ideológica é muito grande e para romper com ela, não tem jeito. A educação tem um papel fundamental, os formadores de opinião têm um papel fundamental, e uma imprensa alternativa. Romper com essa mídia, democratizar os meios de comunicação, fazer um uso mais consciente da internet, mas principalmente romper com esse monopólio dos meios de comunicação.
–  Então alternativas para essa situação só a longo prazo, não é?
– É, mas nós temos resultados hoje de coisas que há 10 anos não pensávamos, não é? A internet tem cumprido um papel importante nisso. Se vasa uma notícia na internet que não é bem aquilo que os meios de comunicação convencionais estão noticiando, os rumos são mudados.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Judiciário News

Retirado de "A Gazeta":

Juiz de Guarapari é removido

O relator do processo DOUTOR Alvaro Bourguignon

Roberto Luiz Ferreira Santos foi acusado de falta de cortesia dentro do fórum

"O Tribunal de Justiça do Estado (TJES) decidiu ontem, por 18 votos, pela remoção compulsória do juiz do Juizado Especial Criminal de Guarapari, Roberto Luiz Ferreira Santos. O magistrado foi acusado de falta de cortesia no relacionamento com colegas, advogados, promotores e servidores do Fórum do município."



Aí vc pensa assim: Juiz né - tudo com o rei na barriga. E ainda por cima mal educado.


Aí vc vai lá e dá um google no nome do cara: "Roberto Luiz Ferreira Santos"

e olha o que aparece:




Juiz de Guarapari envia dossiê ao CNJ com denúncias de irregularidades em Juizado Especial Criminal e sobre ameaças de morte

“Ao assumir o Juizado Especial Criminal, passei a me sentir responsável por tomar posição contrária às diversas irregularidades que já conhecia, mas cuja correção não
me competia. Assim porque, todos os desmandos que eram praticados no Juizado Especial Criminal já eram de conhecimento geral dentre os serventuários do Fórum de Guarapari, quiçá do próprio Tribunal de Justiça”, afirma o juiz Roberto Ferreira Santos em seu ofício.

O magistrado cita nomes de autoridades que teriam cometido os mais diversos tipos de irregularidades no Juizado Especial Criminal..."

E viva os blogueiros sujos! Escolha bem suas fontes, capixaba!

e como perguntar, não ofende, porque a gazeta nem cita esse apelo ao Conselho Nacional de Justiça na sua "matéria"?


#gazetamentirosa? aha uhú. rs



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Rio+20, Cúpula dos Povos e o que está em jogo no Espírito Santo

Semana passada, lá na cidade do Rio de Janeiro, aconteceram dois grandes eventos internacionais: Na Rio+20 – conferência da ONU para o meio ambiente – estiveram governos, ONG´s, figurões do mercado e cientistas do mainstream.


olhos voltados pro Brasil

Do outro lado da Cidade Maravilhosa, na Cúpula dos Povos estavam reunidos movimentos sociais como a Via Campesina, que articula camponeses ao redor do mundo. Estiveram também comunidades tradicionais como pescadores, quilombolas, e ribeirinhos. Povos Nativos de toda a América. Estavam lá vários grupos de economia solidária, permacultores, artistas... Gente do mundo inteiro.

Cada um dos eventos discutiu suas prioridades.

Na conferência da ONU, o centro dos debates girou em torno da chamada “economia verde”. Reconhecendo o fato de que “é, estamos F****do o planeta” os engravatados lá reunidos chegaram a algumas conclusões – reunidas em um documento que “reafirma o mercado internacional como mecanismo para o desenvolvimento e crescimento econômico e também reafirma que um mercado justo – e significantemente liberalizado pode beneficiar países em desenvolvimento ao redor do mundo através do desenvolvimento e crescimento econômico em seu rumo ao desenvolvimento sustentável.”



a cara de quem esperava algo da Rio+20


Estimulando a economia verde: pacotes tecnológicos com selos de sustentabilidade – com o aval da organização para aplicar as regras de mercado aos bens e serviços ambientais. Agora tudo tem preço.

Enquanto isso, na Cúpula dos Povos, as organizações, os povos tradicionais e ambientalistas das várias matizes discutiam como resistir à expansão do mercado sobre territórios, com as cercas multiplicando-se e os bens comuns escasseando.

Em Anchieta a CSU é a irmã gêmea da CSA
Apontando a “economia verde” como mais um espasmo de um moribundo em busca do ar que lhe falta a Carta dos Povos diz que “A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.


Ora, e o que essa carta – aprovada no meio do que talvez seja a maior crise financeira registrada nessa história do Ocidente – tem a ver com o Espírito Santo? Vou tentar explicar de forma simples.

Pensa assim: O Espírito Santo tem um território. Nesse território habitam pessoas. Muitas delas ainda dependem exclusivamente desse território para subsistir, para viver, para sobreviver economicamente. Ligados a uma sabedoria que remonta gerações anteriores na lida com os recursos dessa Terra.

homem: espécie ameaçada.
Essa mesma forma de lidar com a Natureza liga muitos outros capixabas a esse território enquanto indivíduos membros de coletividades – seja ela a do ofício, a do esporte, a da festa, a da religião – pra se locomover, pra ter água pra beber, terra para plantar, peixe pra comer, pra ter ar puro pra respirar...


E se uma empresa comprasse (ou ganhasse, como é freqüente no estado mais pobre da região mais rica do Brasil) uma parte desse território. Então com o pretexto de “desenvolvê-la”, construísse uma cerca, um porto, uma siderúrgica, plantasse tudo de eucalipto, explodissem os morros todos, enfim, essas coisas que agente faz para desenvolver esse estado pobre em recursos naturais, hídricos, paisagísticos, naturais...

Bom, não se faz omelete sem quebrar os ovos. Todo mundo sabe disso no Espírito Santo – por isso o convívio pacífico com siderúrgicas junto de bairros nobres, portos em áreas tradicionais de pesca, comprometimento de recursos hídricos para atender grandes plantas industriais...

Pois bem. Há de se sacrificar parte desse território que usufruíamos para reproduzir práticas sociais, culturais, religiosas herdadas dos que vieram antes de nós. Desenvolver é o imperativo moderno. É por isso que agente sacrifica algumas centenas de milhares de hectares das terras agricultáveis mais férteis do nosso Estado para uma empresa cujos donos sequer moram aqui no Espírito Santo...

Tudo bem, até aí nenhuma novidade. Tá, pode ser o pano de fundo que levou ao cenário Cúpula dos Povos X Rio+20. Mas o pulo do gato é a participação da delegação capixaba lá, na conferência da ONU. Com um projetinho embaixo do braço, ó que bonito, chamado “Reflorestar”.

Parênteses: há uns anos atrás um executivo da antiga Aracruz Celulose (atual FIBRIA) fez uma aposta errada: apostando a expectativa de rendimento, do rendimento especulativo de seu lucro previsto (eu sei que é complicado, mas é o terceiro passo da financeirização – você recebe um dinheiro empenhando a perspectiva de ganhos do seu lucro já aplicado financeiramente) ele quebrou a cara: contraiu o financiamento em dólar, a economia ruiu e a empresa perdeu 4bilhões de reais. Se salvou da falência abrindo sociedade e se tornando a Fibria.

Todos nós sabemos do processo conflituoso de instalação da Aracruz Celulose – em plena ditadura militar – no norte do Espírito Santo. Grilagem, poluição, esgotamento de recursos hídricos... Enfim, comprometimento do território.

Acontece que o negócio deles, pasmem, é plantar floresta! E plantando floresta, eles também podem acessar esses recursos disponibilizados via mercado para o pagamento de serviços ambientais. Então, surfando na crista da onda da economia verde, a papeleira já recebe créditos de carbono – por plantar florestas para combater o aquecimento global!

Economia Verde

Não bastasse a empresa comprometer esse território – passível de inúmeros outros usos, que gerassem mais emprego, menos impacto, maior distribuição de renda (depois olha os índices que compõem o IDH de Aracruz pls) – o Governo que é sustentado com o seu imposto decide que o trabalho deles plantando floresta é tão bom, mas tão bom, que agora vai financiar mais gente pra plantar mais floresta! E viva a economia verde!

Esse aí é o resuminho na prática: a ONU dando o aval para o contínuo processo de acumulação predatório aqui debaixo do equador pra salvar os capitalistas lá de cima que tomam decisões erradas. Mas o que faz cair o queixo mesmo é a atuação de governos governotes e governinhos, sem o menor amor pela Terra, defendendo com tanta vontade (e políticas públicas) o lucro desses engravatados que não moram aqui.

E as suas decisões erradas, quem vai consertar Casagrande?

Ou se muda a política ambiental vigente nesse Estado ou vamos estar para sempre condenados a comprometer mais território NOSSO para garantir o Lucro de Transnacionais.
Espírito Santo - Fazendo a sua parte!

Se um dia o petróleo do pré sal vazar, se um dia o minério cair de preço, se um dia outro engravatado tomar uma decisão errada e falir um empreendimento desses e te largar com o pepino na mão, a quem você vai apelar, pra desfazer a merda feita? Ao mercado?

E a gente, como fica?


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Juízes Capixabas Tremem na Base


Associação de juízes contra a força-tarefa

Presidente afirma que medida só é necessária quando instituições não funcionam

foto: Gabriel Lordêllo
Juiz Sérgio Ricardo de Souza, diretor da escola de magistratura, durante o lançamento da campanha Eleições Limpas, Pelo Voto Livre e Consciente, no auditório do Tribunal de Justiça - Editoria: Política - Foto: Gabriel Lordêllo
Sérgio Ricardo critica a vinda de ajuda nacional

Ednalva Andrade
eandrade@redegazeta.com.br

O presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages), Sérgio Ricardo de Souza, considera desnecessária a vinda de uma força-tarefa federal para atuar nas investigações de fraudes envolvendo prefeituras capixabas.

Para ele, "qualquer federalização só poderia ocorrer se as instituições se omitissem, atuassem de forma parcial ou para beneficiar coisas erradas."

"Não se tem informação de que isso esteja ocorrendo aqui", enfatiza. Ele diz confiar no Tribunal de Contas Estadual (TCES) renovado, na Polícia Civil e no Ministério Público Estadual (MPES) para investigar com liberdade, e que a situação atual é bem diferente da vivida há 10 anos, quando uma missão especial veio combater o crime organizado aqui.

O pedido de uma força-tarefa partiu do presidente do Tribunal de Justiça (TJES), Pedro Valls Feu Rosa, relator do inquérito relativo à Operação Lee Oswald, que apura irregularidades em Presidente Kennedy. Na decisão sobre o caso, ele denunciou ainda supostas fraudes envolvendo a concessão de benefícios fiscais a empresas na gestão do ex-governador Paulo Hartung (PMDB).

Sérgio Ricardo frisa que "as instituições do Espírito Santo merecem o mesmo respeito que as federais". No último dia 23, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que a Polícia Federal vai ajudar, mas não deixou claro o envio da força-tarefa.

Mesmo contra a federalização, Sérgio Ricardo diz que "as instituições foram provocadas" com a decisão de Pedro Valls. "De repente as investigações não estavam andando no ritmo necessário".


É MUITA CARA DE PAU! NEM PARECE QUE FOI ONTEM QUE O CHEFE DESSES TODOS AÍ FOI PEGO COM A BOCA NA BOTIJA VENDENDO SENTENÇA. TODOS LEMBRAM DA OPERAÇÃO NAUFRÁGIO? AGORA TÃO AE, QUERENDO BLINDAR A MARACUTAIA CAPIXABA.

TODO APOIO AO FEU ROSA E À INTERVENÇÃO FEDERAL NO ES!

e a gazeta segue cumprindo seu papel de garoto de recados dos corruptos do estado.