quinta-feira, 9 de junho de 2011

Capixaba precisa é de disposição.

Escrever de cabeça quente. Eu, não gosto.

Espero geralmente passar um pouco o calor do momento, pra depois botar no papel seja lá o que for. Até porque ficar nervoso só ajuda a trazer no papel, mais uma tonelada de adjetivos. Não sou muito fã de adjetivos.

Agente enumera as qualidades ou defeitos das coisas quando quer que as pessoas vejam aquelas coisas e pensem, sintam, se comovam, igualzinho agente. Mas nenhum  texto tem esse poder. Assim como o amor não é uma coisa só, cada um sente de um jeito.

E eu não tô aqui pra fazer média com ninguém mesmo. Tô aqui pra falar do que eu vejo, do meu jeito, com os meus sentimentos. Se for ao encontro do sentimento dos outros, legal. Se não, tudo bem. Agora, mesmo se não bater quero ter a oportunidade de escrever algo sem (muito) rancor ou pieguismo, pra que todo mundo leia.

Afinal de contas, é tão pouca coisa escrita que agente tem sobre a nossa realidade, né capixabas? Então tentemos produzir umas reflexões assim, mais tranquilas, pro consumo de todos.

Sobre isso tem algumas coisas que, passada essa semana, acho que ficaram em aberto. Sobre as quais eu refleti um bocado, mas que ainda não tive condições de botar por escrito com calma. Até porque tá tudo acontecendo.

O mundo não para né cazuza?

Uma delas é uma avaliação do atual governo do Espírito Santo. Que começou de maneira deveras peculiar. Quem deve estar feliz agora, na moral mesmo, é o Ricardo Ferraço. Lembram que ia ser ele o governador eleito com mais de 70% dos votos? Mas então. Não foi. A bomba estourou no colo do Casagrande, que herdou o governo do Estado do Imperador. Não o Adriano, o Paulo Hartung.

E esse espaço de vice do PT? Tá certo, antes ser vice do PSB que do PMDB, sem sombra de dúvidas. Mas e aí, o PT é mesmo governo? Ou continua refém da máquina? Porque o que eu tenho assistido é a máquina funcionando bem azeitada há nove anos, enquanto de norte a sul do estado, tem cada vez mais gente reclamando sobre coisas que não dizem respeito só à máquina. Mas a respeito da direção que a apontam, principalmente.

Segundo, sobre o papel da mídia no Estado. Ninguém nunca teve nenhuma ilusão com Rede Gazeta, Rede Tribuna. Todo mundo sabe com quem eles fecham. Mas durante essa semana, as manifestações contra o aumento da passagem do #protestoemvitoria, jogaram forçaram esse debate pra sociedade capixaba. Muito mais eficaz que muito mais gente organizada que debate isso há tempos, e não consegue essa vitória que os manifestantes conseguiram.

A internet faz milagres, e o vídeo da "Gazeta Mentirosa ahá uhú" pra mim é um clássico eterno da rede!

Terceiro, sobre organização. Dos manifestantes, dos organizados dentro do protesto, de todo mundo que reclama sem conseguir ser ouvido no Estado. Sem conseguir virar notícia. Sem conseguir fazer parte do "debate". É, são muitos interesses. Muita gente esperando horizontalidade. Mas não dá pra negar, quem tá mais organizado sai na frente. E isso funciona tanto pras manifestações contra o aumento, como pra todo mundo que tá insatisfeito com qualquer coisa nesse estado, mas não se organiza pra forçar esse debate.

Até porque é triste assumir isso, mas diante da Máquina, somos poucos e fracos. Desorganizados. Mas organizados temos uma chance, o que também não quer dizer vitória.  Mas temos a chance de forçar alguns debates incômodos, expor algumas verdades inconvenientes pra muita gente (não to falando do vídeo do al gore). Mas isso demanda uma outra coisa, humildade. Principalmente de quem se propõe às coisas.

Porque, no final das contas, é como eu falei lá no começo. Sentimento. Não existem organizações sem pessoas, pessoas que sentem. Há quem sinta angústia, há quem sinta revolta, há quem se comova com a injustiça. Há quem quer aparecer, quem quer dominar, quem quer poder. Tanto do lado de lá, da Máquina Capixaba (No Governo, na Assembléia, no Judiciário, na Mídia, na FINDES) quanto do lado de cá (Nos partidos progressistas, no movimento social organizado, até nas manifestações do #protestoemvitoria).

Eu não nego, já transitei pelos dois polos. Já fui sectário, já sofri com sectarismo. Já disputei espaços de poder, hoje eu não tenho a menor paciência pra isso. Já quis construir hegemonias, e hoje eu vejo nitidamente que hegemonias são contraproducentes. Não só por tornar refém os outros, mas principalmente porque o grupo hegemônico tende a minguar suas próprias forças. Todo mundo sente, mas nem todo mundo sente a mesma coisa sempre. Gente pensa, gente vê. Gente Cansa.

E o que os capixabas precisam hoje é de disposição.

pensa nisso!

#marchadaliberdade dia 18 de junho! concentração a partir das 12:00hs no Estacionamento do Teatro da UFES. Vamos marchar tod@s juntos!

e essa semana solto esses textos que eu prometi. O primeiro vai ser "O PT e a Síndrome de Estocolmo"

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