quarta-feira, 23 de março de 2011

Stirt it Up

Aí saiu, e foi na chuva mesmo.
Não tomou nem conhecimento da água que caía: sem olhar pra trás, botou a mochila nas costas e disse tchau. Todo encapuzado calça comprida e bota no pé, carregando aquele trambolho guardado dentro da capa preta.
Vai entender né. Enquanto todos dormem, sorrateiro na madrugada fria, vai um cara sonhando a pé pelas ruas vazias do bairro.
Para no ponto, pega o primeiro ônibus. Rodoviária.
"-Ei motô, abre a porta lá atrás fazendo o favor!"
Deita a prancha no chão, recostada na mochila. Tira o casaco molhado, vai até o trocador paga a passagem e roda a roleta. Da janela vai vendo sua cidade passar.
Rodoviária. Bilhete conferido, hora certa.
Com cuidado, guarda a bagagem que é pouca mas impressiona. Uma mochila gigante de cheia, e uma prancha na capa preta acolchoada. Entrega a passagem ao conferente, se acomoda na sua poltrona.
Tira o celular, ajeita os fones no ouvido. Toca uma música.
Pra embalar a viagem e fechar os olhos, pra querer dormir e só acordar quando chegar.
Todo mundo que entra no ônibus vê, o moço dos olhos fechados e sorriso no rosto. Ninguém ouve, mas pra ele tá tocando aquele som... 

Nenhum comentário: