Todos acompanharam nos últimos dias a polêmica envolvendo a
ocupação da Universidade de São Paulo.
Maconheiros, filinhos de papai, meninos mimados lutando pelo
direito libertinário de usar drogas.
Nos moldes das tias que nos deram aula na
quarta série, repetia-se nos telejornais a cantilena “não confundam liberdade com libertinagem!”.
A veja se apressou em colar todos os estigmas acima aos
ocupantes da reitoria da universidade.
Deslegitimando-os.
Todos jornais mostraram a cara deslavada do Alckmin “Esse
alunos da USP precisam de uma aula de democracia!”
Engraçado Geraldo “Prefeito da ARENA aos 22 anos” Alckmin
vir falar de democracia.
Seu antecessor e padrinho político, José Serra, usufruindo
da prerrogativa autoritária que concede ao governador o privilégio de nomear o
reitor da universidade, o exerceu de maneira totalmente autoritária, nomeando o
SEGUNDO COLOCADO NA ELEIÇÃO REALIZADA NA UNIVERSIDADE. Não se trata de um
reitor. Se trata de um interventor.
Como bem diz Ana Paula Salviatti, publicado no sítio Outras Palavras:
“Ainda durante a gestão do então Governador
José Serra, Grandino Rodas foi escolhido Reitor da USP através de decreto de
13/11/2009. Seu nome era a segunda opção de uma lista de três indicações.
Remonta a história que a última vez que um Governador se utilizou de tal
dispositivo criado no período militar–presente na legislação do Estado de São
Paulo até hoje– foi durante o Governador Biônico, Paulo Maluf que indicou
Miguel Reale para reitoria da Usp entre os anos de 1969 e 1973.”
E vem falar em Democracia? Menas, por favor...
Não sejamos ingênuos a ponto de ignorar o rumo nítido que boa
parte do jornalismo escolheu no Brasil.
Matérias rasas, eivadas de preconceitos
e sarcasmos, parecem ser os únicos exercícios possíveis nas redações onde os
empregados estendem aos patrões a profissão que os deveria separá-los:
jornalistas. Tsc
E na pira rasa do jornalismo tacanho, ao qual parecem estar
reféns todos brasileiros que assistem telejornais ou lêem o jornal diário,
queimam três estudantes da Usp, um baseado, uma platéia amorfa de “filhinhos de
papai” que aplaudem o espetáculo quando os palhaços saem das suas viaturas para
“manterem a lei no campus”.
Ninguém lá tá pensando nada. É todo mundo burro. Esperto é
você que vê globo e lê veja e tá bem informado. Aham Cláudia, senta lá.
Enquanto isso, no mundo real, o reitor nomeado
autoritariamente pelo PSDB paulista – desrespeitando a consulta democrática na
universidade – apronta “mil e umas aventuras da pesada”!
Dá pra ficar surpreso que nada disso tenha saído no jornal?
(Assim como as denúncias de superfaturamento de obras em outras universidades federais pelo país, ou do envolvimento das fundações de apoio à pesquisa em esquemões de lavagem de dinheiro. agente tem disso aqui no nosso quintal. muito.)
Não é de se espantar. Afinal de contas, fumar um baseado ofende
muito mais a moral da gente que passar por cima de certos detalhes
democráticos, como uma eleição.
A moral de certo tipo de gente. No qual os jornalistas,
infelizmente, parecem gostar de se incluir.
Quando Geraldo Alckmin diz, sobre o assunto, que “ninguém
está acima da lei” o que ele diz, na verdade, é simples. Acima da Lei, só quem
é “Alguém”. Cidadãos comuns, não.
Quer ver só? Se liga:
Vamos falar de um reino, em um lugar tão, tão distante,
chamado Espírito Santo.
Por oito anos a gestão pública do Estado foi bancada às
custas dos royalties do petróleo, muito bem negociados pelo governador recém
eleito em 2003, Paulo Hartung.
A despeito da obrigatoriedade de gasto dos recursos em
determinadas áreas, numa jogada de mestre, PH recebe do governo federal a
benesse do “adiantamento dos royalties”. Com a grana, bota as contas da casa em
dia, diante do tão lapidado patrimônio público capixaba. O governo tucano de
José Ignácio havia terminado da forma trágica que todos se lembram, com o testa
de ferro do então PFL José Carlos Gratz sendo cassado e as porra... Feio né?
Pois bem, oito anos de torneira aberta e a grana dos
royalties entrando, estado crescendo, geral se dando bem.
Se dando bem? Bom, mais ou menos...
Os dados de desenvolvimento humano do Espírito Santo são
vergonhosos.
Mesmo com oito anos de royalties somos forçados a reconhecer
que, se não fosse o bolsa família, boa parte dos indicadores ou não teria
subido, ou teriam decrescido. A despeito dos grandes negócios do Estado só
terem registrado recordes: Vale do Rio Doce, Arcelor Mittal, Aracruz Celulose
(que depois de perder 4bi num jogo de poker se fundiu com a Votorantin na
Fibria)...
Hoje em dia, aproximadamente um quarto dos capixabas recebe
o Bolsa Família. É de dar vergonha.
Dos municípios que mais recebem royalties do petróleo no
Estado, 3 já tiveram os prefeitos afastados por denúncias de corrupção. Sâo
eles Linhares, Aracruz e Presidente Kennedy.
Curiosamente, pra esses municípios
estão previstos novos grandes projetos, numa reedição tosca do Plano Nacional
de Desenvolvimento, iniciativa da ditadura militar, que trouxe nas décadas de
60 e 70 as grandes indústrias para o Estado. Não estou querendo insinuar
nada...
Estou afirmando que os dinheiros dos royalties tem sido peça
fundamental para a corrupção envolvendo a vinda desses grandes projetos (a
maioria estrangeira) para o espírito santo.
Com um arranjo muito bem feito, acrescentando duas pitadas de “sinergia”
à receita do “novo espírito santo”, PH fez foi adicionar um terno de corte
italiano aos capotes dos jagunços da política capixaba. Compuseram o seu
governo as mesmas raposas velhas de sempre, Elcio Alvares e Sergio Aboudib, do ARENA-PFL-DEM,
por exemplo.
Indo além, os mesmos “players” do jogo do desenvolvimento na
ditadura militar voltam ao jogo. Ex-governadores, Ex-presidentes de grandes
empresas, a máfia da exportação fundapiana, o judiciário capixaba que todos
conhecem bem... Espalhando seu Know-how. Mesmo PH pode receber deles uma ou
outra dica sobre investimentos. Imobiliários. ;)
E ao governador biônico recém convertido à democracia a
presidência da assembléia lhe coube como prêmio, entregue pelo próprio
governador. Assim como o ilibado ex prefeito de Linhares, cidade que recebe
vultuosos recursos dos royalties e que foi cassado justamente por desviar
dinheiro da prefeitura pra botar no seu negócio particular, uma empresa de
educação na cidade citada.
Um, lacaio da ditadura. Outro, dilapidador do patrimônio
público. Ambos incensados pela mídiazinha local, e pela meia dúzia que espera
ser convidada para os rega-bofes do poder. Como os filhinhos dos escravos na
casa grande, ali, à beira da mesa como cachorros esperando um ossinho pelo qual
brigar. Vão crescer pra ser os novos capitães do mato.
E essa mesma midiazinha – que sobrevive de propaganda
oficial – agora tá aí, mandando você, capixaba, ir às ruas se manifestar pelo
dinheiro dos royalites. Dinheiro esse que te pertence, capixaba, mas que nunca
te perguntaram onde gastar.
Sabe o que eles tão querendo, na verdade? Que você defenda o
dinheiro que eles tem sistematicamente roubado do seu bolso, cidadão.
Eu, particularmente, entendo o desespero do Casagrande.
Que não teve nem a coragem de dizer quanto o governo tem em
caixa a essa altura do campeonato, finalzinho do primeiro ano de mandato. Foi
discutir o orçamento na Assembléia Legislativa e não disse quanto PH deixou em
caixa.
O que agente sabe é que, de vento em popa, o ex governador se deu até ao
luxo de NÃO COBRAR IMPOSTOS DESSAS EMPRESAS ESTRANGEIRAS que já produzem ou que
querem se instalar aqui no estado.
Aí é fácil, né malandro: o Zé da Quitanda
tem que pagar mil impostos, e o Mr. John paga nada. Zero.
Cortesia, feita com o
seu dinheiro, capixaba.
Sobre isso, transparência nenhuma, nem a (vendida) capixaba,
nem de lugar nenhum falou. Nenhuma nota nos jornais. A coisa deve estar feia mesmo.
E você, capixaba, não sabe de nada.
Porque não saiu no jornal, não tem?
Saiu no jornal que um monte de maconheiro brigou com a
polícia pra fumar maconha em paz lá “im sumpaulu”.
Até que seria uma boa notícia, essa.
Se fosse essa a notícia, não tem?
E hoje tem dudu nobre e gabriel o pensador, na luta pelos royalties na praça do papa. ¬¬
Abre
o olho, capixaba, que tão tentando te passar pra trás...
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